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Por Filipe Vilicic
Crônicas do mundo tecnológico e ultraconectado de hoje. Por Filipe Vilicic, autor de 'O Clube dos Youtubers' e de 'O Clique de 1 Bilhão de Dólares'.
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Entrevista com o Orkut: sobre o sucesso (e os desafios) das redes

O criador do site que levou seu nome afirma que mídias sociais estão criando uma geração de solitários; e explica como é seu novo projeto, o Hello

Por Filipe Vilicic Atualizado em 30 jul 2020, 21h00 - Publicado em 15 mar 2017, 18h56

Em uma reportagem recente de VEJA – assinada por mim e com colaboração de duas repórteres da equipe de Tecnologia –, na qual se explicou e analisou o fenômeno dos lives, o Orkut (não a rede social que fez fama no Brasil, claro; mas seu criador, de mesmo nome) nos deu o seguinte depoimento: “Atualmente temos, no bolso, em nosso smartphone com acesso às mídias sociais, toda a tecnologia necessária para a transmissão instantânea”. Contudo, um papo com o próprio Orkut sempre rende mais, evidentemente. Como foi nesse caso.

Qualquer brasileiro que tenha ao menos seus 20 anos já deve ter ouvido falar – e provavelmente teve um perfil no site – dessa rede social. É só mencionar scraps, depoimentos e comunidades, que “Orkut” vem à memória. Criada em 2004 pelo engenheiro turco Orkut Büyükkokten, então funcionário do Google, e fechada dez anos depois, essa rede chegou a contar com quase 30 milhões de usuários no Brasil. Certa vez, o icônico cientista da computação Peter Norvig, professor da Universidade Stanford, no Vale do Silício, diretor no Google e amigo de Büyükkokten, me questionou: “Man, sabe me dizer por qual razão o Orkut deu tão certo no Brasil? Nem o próprio Orkut consegue explicar isso direito”.

Tentei ensaiar uma resposta. Num resumo, argumentei que por aqui, neste país, lá nos idos de 2004/2005, não tínhamos alternativas bem-estabelecidas, como o MySpace (então reinante nos EUA); e, como havia demanda, o Orkut acabou por abocanhar o público.

Abaixo, a entrevista que o engenheiro concedeu a Carla Monteiro, da equipe de Ciência e Tecnologia de VEJA. Nela, além de analisar o atual cenário das redes sociais, dominado pelo Facebook, Büyükkokten ainda conta mais sobre seu novo projeto. Trata-se do Hello, um site do mesmo tipo, mas que promete unir as pessoas não necessariamente em torno de amizades e conhecidos (como é no Facebook), mas de acordo com gostos, paixões, interesses, em similaridade a como se estabeleciam as comunidades no Orkut. Confira:

Por que o Orkut, no fim, fracassou? As redes sociais estão em constante evolução. É muito importante inovar e manter o contato com as gerações e, em especial, com os seus padrões de navegação na internet. Aqueles sites que não evoluem com o tempo correm o risco de ficar desatualizadas e irrelevantes. O Orkut foi projetado numa época em que todos usavam desktops, e focado em uma geração que ainda estava aprendendo a aproveitar os recursos das redes sociais. Hoje as pessoas utilizam várias dessas redes para se comunicar, compartilhar informações e fazer novas amizades. Tudo isso pelo celular. O cenário mudou muito na última década. E o Orkut não acompanhou.

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O Hello, que chegou no ano passado ao Brasil, agora aposta na ideia de comunidades. É uma tentativa de reviver o Orkut? As comunidades foram marcantes no Orkut e agora vamos trazê-las para o Hello. Eu acredito que é uma maneira de socializar pessoas com gostos semelhantes. As comunidades são grupos criados pelos usuários e que se baseiam em seus principais interesses. Assim, pode-se interagir e compartilhar sobre assuntos específicos. Isso aproxima as pessoas.

Afinal, qual é a diferença do Hello para a concorrência? O Facebook permite o contato entre amigos e familiares. O Twitter e o Instagram conectam o usuário aos seus seguidores. No Hello, temos a proposta única de unir pessoas em torno de suas paixões, construindo pontes e estabelecendo conexões.

O Orkut foi uma das primeiras redes sociais. Desde então, esse fenômeno cresceu absurdamente e deu origem a discussões éticas e morais que têm permeado a sociedade. Por exemplo, o problema da disseminação de notícias falsas por esses meios, além do uso dos serviços online para a prática de crimes. Há solução? Em qualquer plataforma social, assim como é na vida real, encontramos pessoas boas e pessoas más. Na segunda categoria, encaixam-se, por exemplos, os haters e os criminosos. O único caminho para limitar a ação do lado ruim da coisa toda é a empresa responsável pelo site ter um bom time de profissionais, que possa lidar com esses casos sistematicamente. O Facebook, por exemplo, tem tentado combater as fake news ao emitir um alerta sobre notícias falsas que surgem. No Hello,  permitimos que os usuários reportem spam, abusos e situações de discurso de ódio, e temos uma equipe de suporte que está pronta para lidar com qualquer comportamento indesejado.

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Será que as pessoas têm se preocupado, e se dedicado, mais às suas vidas virtuais do que à, digamos, real? Nós nos tornamos mais conectados e online. É irreversível. Infelizmente, contudo, a tecnologia nos tornou também solitários, infelizes e desconectados da vida real. Paramos de falar uns com os outros em locais palpáveis e deixamos de ter conversas e experiências autênticas. Só que também acredito que as redes podem nos aproximar, quando bem desenhadas. Ou seja, se forem pensadas com esforço, engenhosidade e bom design.

Observação deste blogueiro: neste último aspecto, há um conflito ainda não solucionado, entre usufruir das vantagens das redes, sem se viciar. Ou, pelo ponto de vista dos criadores desses sites, entre desenhar uma página atrativa, mas que não vicie os usuários. É uma balança que procuramos (todos nós) equilibrar. Diariamente. Foi, inclusive, tema de uma entrevista recente que fiz com o designer Tristan Harris, empreendedor, ex-Google, ex-Apple e fundador de uma organização cujo fim é procurar por esse equilíbrio.

Para acompanhar este blog, siga-me no Twitter, em @FilipeVilicic, e no Facebook.

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