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Terra na UTI: sinais vitais do planeta atingiram estado crítico, diz pesquisa

Equipe de cientistas sintetizou as principais tragédias ambientais ocorridas no último ano e que podem ter relação com o agravamento das mudanças climáticas

Por Da Redação Atualizado em 8 out 2024, 12h53 - Publicado em 8 out 2024, 11h00
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  • A saúde do planeta pode atingir um ponto irreversível em poucos anos se não houver ações urgentes para mitigar a crise climática. Dos 35 parâmetros utilizados para monitorar as mudanças climáticas anualmente, como a temperatura média da superfície da Terra, a cobertura de gelo e a acidez do oceano, 25 atingiram recordes extremos no último ano, conforme análise publicada nesta terça, 8, na revista científica BioScience.

    Elaborado por uma coalizão internacional liderada por cientistas da Universidade de Oregon, o documento conta com a participação de quatorze pesquisadores de doze instituições, incluindo a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O artigo destaca que os três dias mais quentes da história ocorreram em julho de 2024, com temperaturas médias globais diárias atingindo recordes na maior parte do ano.

    Plano de fundo do planeta Terra visto de satélite, esta imagem é gerada com software 3D.
    Cientistas alertam que planeta está próximo a atingir a insustentabilidade para a vida (NASA/Getty Images)

    Além de investigar o comportamento dessas variáveis ao longo dos últimos anos e identificar possíveis alterações, a equipe sintetizou as principais tragédias ambientais que aconteceram nos últimos doze meses e que podem ter relação com o agravamento das mudanças climáticas, como as inundações no Rio Grande do Sul em maio.

    Segundo o estudo, o número de mortes humanas relacionadas ao calor aumentou 117% nos Estados Unidos, entre 1999 e 2023. Em 2022 e 2023, as altas temperaturas também contribuíram para a mortalidade em massa de animais marinhos em todo o globo. As políticas climáticas vigentes permitirão um aquecimento de 2,7°C até 2100, e cada 0,1°C adicional deve colocar cerca de 100 milhões de pessoas sob temperaturas extremas inéditas.

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    Em 2022, a queima de combustíveis fósseis e os processos industriais representaram cerca de 90% das emissões de gases poluentes, enquanto mudanças no uso da terra foram responsáveis por aproximadamente 10%. “Para atingir as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa, é urgente substituir os combustíveis fósseis por fontes de energia mais limpas e renováveis”, diz o biólogo Cássio Cardoso Pereira, da UFMG, um dos autores do estudo.

    O pesquisador e ecologista observa que a maior parte das emissões no Brasil provém do desmatamento e da agropecuária. Portanto, o foco deve ser frear o desmatamento, investir em práticas agrícolas regenerativas e restaurar áreas desmatadas. O levantamento também aponta que a perda anual de cobertura arbórea e o crescimento da população humana e de rebanhos contribuem para o aumento nas emissões de gases de efeito estufa.

    Conferência

    O tema será pauta da 29ª Conferência das Partes (COP-29) sobre Mudança Climática das Nações Unidas, marcada para novembro, em Baku, no Azerbaijão. O cientista avalia que a situação é crítica e que, sem mudanças no cenário atual, não será possível manter o limite de aumento da temperatura global em 1,5ºC até 2050. Ele alerta que já estamos nos aproximando dessa temperatura e podemos ultrapassar os 2°C em poucos anos, gerando pontos de não retorno para ecossistemas como a Amazônia.

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    Pereira acredita que ainda há tempo para ações governamentais e sociais. Ele defende que se reduzirmos as emissões e investirmos em estratégias de remoção do gás carbônico, como a restauração dos ecossistemas, podemos alcançar um cenário de emissões líquidas zero até 2050. O pesquisador pretende continuar investigando o papel da conservação e restauração da biodiversidade na mitigação das mudanças climáticas.

    “Já estamos nos aproximando dessa temperatura e podemos passar de 2°C em poucos anos, o que seria catastrófico, gerando pontos de não retorno para a Amazônia, por exemplo, o que só pioraria a situação ao longo prazo por conta do aumento das emissões”, explica o cientista.

    (Com Agência Bori)

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