O aquecimento das temperaturas do globo é um fato, mas os eventos extremos ocorridos durante o ano demonstram a emergência atual. Essa semana a discussão ganha nível internacional com a COP29, realizada em Baku. No Brasil, São Paulo saiu na frente com o primeiro plano de adaptação e resiliência climática, coordenado pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), projetado para ser tocado durante dez anos e com perspectiva de implementação no ano que vem. Mas ele ainda não está pronto. Nesta terça-feira, 12, às 14h, acontece a segunda audiência pública presencial.
O evento acontece em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O objetivo é debater um dos sete eixos do plano, o da “biodiversidade”. Os temas são pilares para análises mais profundas, de onde partem a elaboração das ações. A discussão abre espaço para que pesquisadores e a comunidade científica apresentem contribuições e sugestões para o fortalecimento do Plano Estadual de Adaptação e Resiliência Climática (Pearc). A audiência pode ser acompanhada à distância por aqui. A consulta pública pela internet vai até 20 de dezembro.
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“Há uma preocupação muito grande em ouvir a sociedade como um todo para avaliarmos os impactos dos eventos extremos em diferentes grupos”, diz a secretária Natália Resende, da Semil, que vai acompanhar a discussão presencialmente. Enquanto os debates avançam, técnicos e a própria secretária possuem uma agenda de visitas a grupos que estão mais expostos às mudanças climáticas, como os moradores das palafitas em São Vicente e os índios Guaranis, do Jaraguá. O objetivo é entender melhor as necessidades para aumentar a resiliência e diminuir perdas e promover a justiça climática.
Na última sexta-feira, 8, a secretária esteve na Terra Indígena Rio Silveiras, localizada entre os municípios de Bertioga e São Sebastião, no litoral paulista. Membros da comunidade relataram as consequências que sofrem. “ Esses encontros fazem parte de uma série de ações previstas para garantir que as populações mais expostas aos impactos climáticos possam contribuir com suas percepções e sugestões, enriquecendo o processo de elaboração do plano”, diz Natália.
Conheça os 7 eixos do plano
- Zona costeira: avaliação dos impactos das mudanças climáticas na costa paulista e no oceano relacionados a variáveis geológicas, oceanográficas, climáticas e hidrometeorológicas (eventos extremos).
- Segurança hídrica: sobre disponibilidade hídrica, tanto em relação à qualidade quanto à quantidade, para usos múltiplos.
- Biodiversidade: análise do comprometimento de processos, funções e serviços ecossistêmicos, e da conservação de espécies.
- Saúde única: avaliar e promover o bem-estar das pessoas, dos animais e dos ecossistemas.
- Segurança alimentar e nutricional: entender os impactos na produção e qualidade de alimentos (agricultura familiar) e na capacidade dos cidadãos de acessá-los.
- Justiça climática: raça, gênero, idade, renda e grupos étnicos na definição e seleção das ações e subações de adaptação e resiliência climática para atender às populações vulnerabilizadas.
- Infraestrutura: sobre a existência ou da ausência das infraestruturas de logística, energia, saneamento, saúde e habitação nos demais eixos, sob a ótica das mudanças climáticas.