Até quando vai durar a nova onda de calor intenso no Brasil
Temperaturas estão 5 graus acima da média para a primavera, no Sudeste e Centro-Oeste do Brasil
Boa parte dos brasileiros está se perguntando por que tanto calor. São Paulo e Goiânia, por exemplo, com paisagens tão distintas, atingem a mesma temperatura máxima, 38 graus Celsius, nesta segunda-feira (13). Já a cidade do Rio de Janeiro bate os 41 graus. Trata-se de uma condição atípica para a primavera, que geralmente traz noites frescas e calor ameno. Desde a última quarta-feira, os termômetros estão 5 graus acima da média esperada para novembro, no Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia. Essa onda de calor ainda se espalha em parte do Paraná e sul da Amazônia.
O principal motivo para o veranico fora de época é uma corrente de ar seco estacionada nessas regiões. “Ela impede a formação de nuvens, condição fundamental para as precipitações”, disse a VEJA Naiane Araújo, meteorologista do Inmet. Além disso, o céu aberto e limpo permite a incidência direta da radiação na atmosfera. A sensação de calor intenso e ambiente abafado continua até domingo no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins, sul do Piauí, oeste da Bahia, Centro Norte do Paraná, Rondônia e sul do Pará.
Há outras questões meteorológicas envolvidas no cenário. Uma delas é a presença do El Niño, fenômeno natural, que acontece em média a cada cinco anos, responsável pelo aquecimento do Oceano Pacífico na região do Peru e a consequente elevação das temperaturas no planeta. O evento, que tem nome de criança e força de gigante, intensifica as condições do tempo, a ponto de ocasionar catástrofes como as chuvas que arrasaram o Rio Grande do Sul e a seca que colocou quase todos os municípios do Amazonas em estado de emergência em outubro.
A Organização Meteorológica Mundial (OMM) lançou alerta para novembro, como marco do início da fase mais acentuada do El Niño, que deve se estender até abril do ano que vem. Isso significa que a previsão para 2024 é maior risco de calor intenso, chuvas fortes e secas. Somado a isso, tem o aquecimento global, provocado pela emissão descontrolada de gases do efeito estufa. “Já estamos vivenciando a mudança climática”, disse Naiane. A temperatura do planeta subiu 1,1 grau Celsius. A análise da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (cuja sigla em inglês é UNFCCC) estabeleceu que o aquecimento deve ser limitado em 1,5 grau e 2 graus. Isso implica alcançar uma redução de 43% até 2030, e 60% até 2035. Caso contrário, os termômetros alcançarão temperaturas ainda mais extremas.