Desde 2022, um grupo de cientistas e economistas, criado na Holanda, se reúne para analisar o estado dos sistemas hidrológicos do mundo e como são geridos. Nesta quinta-feira, 17, a Comissão Global sobre a Economia da Água (GCEW, sigla em inglês) publicou um relatório perturbador, considerado pelos próprios autores de “histórico”. O documento alerta que mais da metade da produção global de alimentos pode estar em risco até 2050, caso as nações não tomem medidas urgentes sobre a crise global da água.
De acordo com os especialistas, hoje, “quase 3 bilhões de pessoas e mais da metade da produção mundial de alimentos estão em áreas onde o armazenamento total da água tende a diminuir”. Isso quer dizer que o mundo caminha para uma grave crise hídrica, que pode levar redução de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) nos países desenvolvidos e de até 15% nos demais.
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Os eventos extremos provocados pelas mudanças climáticas estão mudando os sistemas de precipitações de maneira drástica. Na semana passada, fortes chuvas caíram sobre o deserto do Saara, deixando bancos de areias alagados. No Brasil, enquanto isso, a Amazônia vive a mais severa seca dos últimos 74 anos, mas em termos econômicos, a pior da história do estado. Os prejuízos privados e públicos na região já ultrapassam 620 milhões de reais. Ali, os principais rios apresentam níveis críticos.
A mudança climática transformou-se em uma pressão sem precedentes ao sistema hídrico, que já está impactado com a “utilização destrutiva da terra e a persistente má gestão deste recurso”. A água ainda é considerada como “um presente abundante da natureza”, segundo o relatório, sempre abundante e infinito, apesar de já estar diminuindo. “Pela primeira vez na história estamos desequilibrando o ciclo normal da água”, diz Joham Rockstrom, um dos cinco co-presidentes da GCEW. Pela primeira vez, o homem não pode mais confiar totalmente no sistema de chuva, a maior fonte de água doce do planeta.