Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo, pelo Instituto de Pesquisa Energéticas e Nucleares (IPEN) e pelo Instituto Astronômico e Geofísico (IAG) mostrou que a fumaça de queimadas em florestas e fazendas interfere diretamente na qualidade do ar de São Paulo.
O estudo conseguiu apontar como a fumaça dos incêndios florestais da Amazônia e do Pantanal, assim como de queimadas em fazendas de cana-de-açúcar do interior de São Paulo, é transportada por correntes atmosféricas, afetando diretamente a qualidade do ar na capital.
Os cientistas utilizaram modelos de computador para rastrear o caminho percorrido pela fumaça. Assim, foi possível analisar a direção que os isótopos de carbono tomavam ao atingir a alta atmosfera.
O levantamento apontou que após grandes incêndios, a concentração de gases do efeito estufa como o dióxido de carbono aumenta dramaticamente na região metropolitana de São Paulo.
Nos dias em que foi constatada fumaça sobre a cidade, as concentrações de partículas finas chegaram a exceder o padrão estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 99% das estações de monitoramento da qualidade do ar.
Já o excesso de CO2 foi de 100% a até 1178% pior na comparação com os dias sem fumaça.
O problema vem se agravando nos últimos anos, como resultado do avanço da destruição da Amazônia.
Segundo levantamento do Monitor do Fogo, em 2022 houve uma alta de 93% nas áreas queimadas em florestas na comparação com o ano anterior. Desse contingente, 85% dos incêndios se concentraram na Amazônia.
Já quando se considera a área atingida por fogo em todos os biomas brasileiros, 70% estavam cobertas por vegetação nativa.
A qualidade do ar respirada pelos paulistanos é uma emergência de saúde pública.
Segundo levantamento feito pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade a pedido do Greenpeace, ao menos 15.000 pessoas morrem no estado de São Paulo por ano devido ao excesso de poluição. Só na capital, são 3.000 vítimas.
O problema é inalar partículas de fuligem de até 2,5 micrômetros de tamanho (MP2,5). Uma vez no sistema respiratório, a sujeira penetra nos alvéolos pulmonares, passando dos pulmões para o sistema sanguíneo.
A exposição duradoura a MP2,5 é associada ao aumento de casos de doenças respiratórias e cardíacas, incluindo asma, bronquite, enfisema, câncer de pulmão e acidente vascular cerebral.
Em 2022, um levantamento feito pelo site IQAir mostrou que São Paulo integra a lista das metrópoles mais afetadas pela poluição do ar no globo.
O recorde vai para Nova Delhi, na Índia, onde contabilizam-se em média 54.000 óbitos anuais relacionados ao problema.
Em segundo, com 40.000 vítimas, aparece Tóquio, no Japão, enquanto Xangai, na China, vem em terceiro, com 39.000.
Já a Cidade do México empatou com São Paulo, com 15.000 mortes.