A busca por fontes de energia sustentáveis e a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa têm impulsionado a transição energética em todo o mundo. No Brasil – um dos países que podem liderar esse processo de mudança da matriz energética de fontes fósseis para renováveis –, um passo importante nessa direção é a abertura do mercado de energia.
Atualmente, o setor elétrico brasileiro se divide em duas modalidades: o mercado cativo e o mercado livre. No mercado cativo, os consumidores são atendidos pelas distribuidoras de energia elétrica da sua região. No mercado livre – ou Ambiente de Contratação Livre (ACL), seu nome oficial –, eles podem escolher livremente a fornecedora de energia elétrica.
A partir de 1º de janeiro de 2024, a portaria 50/2022 do Ministério de Minas e Energia estabelece que os consumidores de média e alta tensão, independentemente da demanda, poderão negociar a compra de energia elétrica com qualquer agente do mercado livre. Hoje, outras diretrizes do setor em discussão pelo governo federal e parlamento abordam a abertura total do mercado. A expectativa é que, com o novo Marco Legal do Setor Elétrico, todos os consumidores de baixa tensão, sejam residenciais, comerciais ou industriais, também tenham acesso ao mercado livre nos próximos anos.
A abertura do mercado deve ter um impacto positivo na transição energética para uma matriz mais verde, uma vez que um número maior de consumidores poderá optar por contratar fornecedores que priorizem a energia limpa. Nesse novo ambiente, o Grupo Delta Energia – pioneiro na comercialização de energia no mercado livre e um dos principais players do setor elétrico no Brasil – vem se destacando com diversas iniciativas para promover a energia renovável.
Recentemente, a Delta Energia anunciou investimentos para expandir sua presença no segmento de energia solar em todo o Brasil. Haverá a construção de mais de 30 fazendas solares, com capacidade total de 110 megawatts-pico (MWp), até junho de 2024. Essas usinas serão distribuídas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Bahia, Ceará, Goiás e Mato Grosso do Sul e no Distrito Federal, atendendo cerca de 60 000 unidades consumidoras, principalmente residenciais e pequenos empreendimentos. O fornecimento da energia será feito pela LUZ, empresa do Grupo, por meio de geração distribuída compartilhada – modelo que contribui para a descentralização da geração de energia e a diversificação da matriz energética.
De acordo com Geraldo Mota, diretor da Delta Solar, uma das áreas de negócios da companhia, o objetivo é aumentar ainda mais a capilaridade da Delta Energia no setor elétrico. A empresa já tem sólida presença no segmento junto a consumidores livres e grandes geradores. Hoje, transaciona cerca de 5 000 megawatts (MW) médios por mês nessa modalidade, o que corresponde a 8% do consumo de energia do Brasil. “Nossa entrada no mercado de geração de energia solar está em sintonia com a expansão do setor. Esse movimento agrega valor ao portfólio da Delta”, afirma.
As obras das fazendas solares estão bem adiantadas. “Temos uma usina pronta em Três Lagoas (MS) que já recebeu liberação da distribuidora para iniciarmos o fornecimento de energia na região. Estamos com as construções aceleradas de mais uma unidade em Mato Grosso do Sul e outras cinco em cidades paulistas”, diz Mota.
Vale destacar que a energia solar já representa cerca de 15% da matriz elétrica brasileira, de acordo com os dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Projeções indicam que, até 2050, poderá ultrapassar a capacidade instalada da hidreletricidade no país.
No Brasil, a fonte solar vem se tornando cada vez mais popular, impulsionada por fatores como o aumento da tarifa de energia elétrica, a queda dos custos dos sistemas fotovoltaicos e a crescente conscientização ambiental da população. De acordo com cálculos da Absolar, a instalação de placas solares permite reduzir a conta da luz dos consumidores em até 95%. Mais de 2 milhões de sistemas fotovoltaicos estão instalados em telhados, fachadas e terrenos de residências, comércios, indústrias, propriedades rurais e prédios públicos em todo o país. Somando esses sistemas de geração distribuída e a energia gerada por usinas de grande porte, o Brasil já produz 34 GW de energia solar, 2,5 vezes a potência instalada da usina hidrelétrica de Itaipu, segunda maior do mundo.
Transformação do setor elétrico
Com a liberação do mercado de energia para todos os públicos, é esperada uma migração significativa dos 90 milhões de consumidores de energia do país. Diante desse cenário, a Delta Energia está realizando investimentos em diversas áreas de negócios, incluindo tecnologia, recursos humanos e marketing, além da expansão do portfólio com ênfase no segmento varejista.
“A estratégia de crescimento na comercialização de energia no varejo prevê que o processo seja liderado pela LUZ. Portanto, a operação das usinas solares, que estão em construção, será feita por nossa fornecedora digital de energia”, conta Luiz Fernando Leone Vianna, vice-presidente institucional e regulatório do Grupo Delta Energia.
Hoje, a LUZ está em 733 cidades do interior, litoral e região metropolitana de São Paulo, de Brasília, Mato Grosso do Sul e Paraná, com atendimento em geração de energia solar beneficiando consumidores de baixa tensão – residenciais e comerciais. A expectativa é que esse conhecimento seja estendido para atender consumidores pelo mercado livre de energia. “Nosso objetivo é alcançar ao menos 15% das cerca de 72 000 unidades consumidoras com potencial de migrar para o mercado livre a partir de janeiro do ano que vem”, afirma Vianna. Para ele, essa abertura do mercado livre de energia a consumidores de média e alta tensão, sem exigência mínima de consumo, será um preparativo para uma revolução iminente no setor elétrico brasileiro, beneficiando estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços, entre outros consumidores.
Para atender esse momento do setor elétrico, a Delta também investiu em tecnologia. Em 2023, lançou a Wisebyte, que surgiu de uma aquisição realizada em 2022. A nova empresa, que tem a inteligência artificial como carro-chefe de suas operações, nasceu para ser um ponto de referência às organizações que miram processos e gestão eficientes a partir de soluções tecnológicas de ponta.
Diversificação dos negócios em 22 anos de história
Ao completar em dezembro 22 anos de história, o Grupo Delta Energia se destaca pela ampliação de portfólio na cadeia de energia, direcionando recursos para uma agenda cada vez mais renovável. Em 2023, a empresa conquistou certificações do governo federal que representam benefícios ambientais à sociedade.
Neste ano, a Delta Energia, que está no setor de biocombustíveis desde 2010, recebeu concessões da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para suas duas usinas. As fábricas de biodiesel de Rio Brilhante (MS) e Cuiabá (MT) tiveram o aval da ANP para emitir 209 000 créditos de descarbonização (CBios) por ano, dentro do programa RenovaBio. Com essas habilitações, as plantas têm condições de evitar que 209 000 toneladas de CO2 equivalentes sejam lançadas na atmosfera.
As usinas do Grupo Delta Energia utilizam matéria-prima diversificada em seu processo de produção, como gordura animal e óleo vegetal. As fábricas são parte significativa do setor de biodiesel no Brasil, com capacidade total de produção de 1,6 milhão de litros por dia. Ambas as instalações possuem o Selo Biocombustível Social, que promove a inclusão social de pequenos agricultores na cadeia produtiva do biodiesel. Os insumos são adquiridos de cooperativas de Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Alagoas, de mais de 800 produtores familiares.
A empresa, que é 100% brasileira, iniciou suas atividades no segmento de comercialização de energia elétrica em 2001. Ao longo dos anos, tornou-se uma das maiores tradings de commodities energéticas do país. Hoje, oferece amplas soluções em comercialização de energia e serviços customizados para consumidores livres e geradores. Sua atuação abrange, ainda, os mercados de etanol, geração de energia (gás natural), tecnologia, estruturação de fundos de investimentos em energia, além de biodiesel e energia solar.