Desde setembro de 2023, a Bacia do Rio Amazonas enfrenta seca excepcional, impulsionada por baixas precipitações e temperaturas consistentemente altas durante todo o ano.
Além do Brasil, a estiagem também teve efeito devastador na Colômbia, Venezuela, Bolívia e Equador.
Nesta semana, um painel de cientistas do Brasil, Holanda, Reino Unido e Estados Unidos utilizaram métodos publicados e revisados por pares para avaliar se e em que medida a seca foi influenciada pelas mudanças climáticas, bem como pela ocorrência do El Niño.
O grupo faz parte do World Weather Attribution, grupo que busca identificar em que medida as mudanças climáticas são responsáveis por eventos extremos no planeta.
Os cientistas afirmam que a seca amazônica foi um evento “excepcional” e “devastador”, e que pode ser registrado a cada 350 anos.
Também chegou-se a conclusão que o aquecimento do globo multiplicou em 30 vezes a chance de uma estiagem do tipo afetar a floresta tropical.
Isso mesmo em anos em que ocorre o El Niño, fenômeno climático natural que consiste no aquecimento superficial das águas do Oceano Pacífico e que costuma produzir secas nas regiões Nordeste e Norte do Brasil.
“Para avaliar se e em que medida as alterações climáticas induzidas pelo homem foram um fator impulsionador desta seca, combinamos dados baseados em observações e modelos climáticos e analisamos a seca meteorológica de 6 meses, bem como a seca agrícola”, diz trecho do estudo.
O relatório conclui ainda que o crescente stress hídrico é, portanto, impulsionado pelas alterações climáticas induzidas pelo homem, e continua a ser uma grande ameaça para a população local.
E que o problema requer esforços urgentes para uma gestão mais eficaz da Bacia do Amazonas, incluindo estratégias para uso e armazenamento de água, uma resposta humanitária interdisciplinar e a cooperação regional que inclua agricultores e outras partes da sociedade afetadas pelo problema.