Polarização política: uma briga histórica
Em março de 1978, VEJA destacava em sua capa a disputa entre comunismo e capitalismo na França. Mais de 40 anos depois, os holofotes se voltam para a crise ideológica no país europeu, com a vitória da esquerda em cima da extrema direita
TBT 13 DE MARÇO DE 1978 | “Para muitos, aquele insistente ‘espectro do comunismo’, que ronda a Europa desde 1848 — ano de sua primeira aparição no famoso manifesto de Karl Marx e Friedrich Engels —, ameaçava, finalmente, depois de um século e trinta anos de evoluções, pairar sobre o país”, iniciava a reportagem de capa de VEJA sobre a disputa ideológica na França.
“É nada menos que isso que se decide nas eleições francesas — direita contra esquerda, capitalismo contra socialismo. O eleitor francês não está apenas escolhendo um dos 491 nomes que vão representá-lo na Assembleia Nacional. Ele está convidado a dizer sim ou não a uma mudança de regime, a uma reorganização básica em seu sistema social”, continuava.
A publicação de 1978 abordava uma disputa explosiva que persiste no dias atuais: a polarização política. Se antes a briga era entre comunismo x capitalismo, hoje, o palco é da esquerda x extrema direita. E um episódio recente que trouxe os holofotes para essa crise aconteceu no último domingo, 7.
Em uma virada histórica, a Nova Frente Popular – aliança entre partidos de esquerda -, venceu as eleições legislativas na França no segundo turno, após conquistar 182 assentos na Assembleia Nacional do país — equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil. O pleito contou com 60% dos eleitores, o maior número em 40 anos.
Apesar da vitória, a coalização precisará de novas alianças para governar, já que não conseguiu formar maioria. Assim, ao que tudo indica, o Parlamento francês pode enfrentar um grande impasse com a divisão em três grandes grupos — a esquerda, os centristas e a extrema direita, que têm plataformas extremamente diferentes e nenhuma tradição de trabalho em conjunto.
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