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Youssef foi “assediado” na carceragem da PF, diz advogado do doleiro

Segundo Antonio Figueiredo Basto, seu cliente foi procurado por pessoas interessadas em saber se o doleiro vai colaborar ou não com as investigações

Por Daniel Haidar
8 abr 2014, 15h58

Antonio Figueiredo Basto, advogado do doleiro Alberto Youssef, disse nesta terça-feira que seu cliente foi “assediado” na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná, e que por isso solicitou à Justiça Federal que fosse limitado o acesso aos presos na operação Lava-Jato. Ele não apresentou nomes das pessoas que procuraram seu cliente, nem deu provas à Justiça de que tais contatos ocorreram. Desde segunda-feira, por determinação judicial, apenas familiares ou advogados com procuração anexada ao processo podem ter acesso aos detentos. Entre os presos estão o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e outros doleiros investigados pela movimentação de cerca de 10 bilhões de reais em operações de lavagem de dinheiro.

A decisão do juiz Sergio Moro foi motivada pela revelação, em reportagem de VEJA desta semana, de que o deputado federal André Vargas (PT-PR) enviou um emissário à carceragem para negociar o silêncio do doleiro. O recado de Vargas foi claro: “Se eu cair, levo gente de cima”.

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Figueiredo Basto disse que as pessoas que procuraram seu cliente estavam interessadas em saber se o doleiro ia colaborar com as investigações. “Youssef foi assediado por pessoas que queriam saber o que ele pretende fazer, se vai fazer delação premiada ou não. O objetivo dos assediadores era planejar alguma coisa. Pedi restrição às visitas, porque precisamos dar tranquilidade a ele. Meu cliente tem um problema cardíaco gravíssimo”, disse o advogado.

O defensor admite que vai aproveitar o envolvimento do deputado federal André Vargas (PT-RS) com o doleiro para solicitar que o processo inteiro seja enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), devido ao foro privilegiado do parlamentar. O trecho do processo que envolve Vargas já foi remetido ao STF pelo juiz Sérgio Moro. Mas Figueiredo Basto defende que todo o processo de Youssef passe à análise do STF. Recursos do gênero costumam atrasar o andamento de processos, mas Figueiredo Basto nega que seja esse seu objetivo. Youssef é o pivô de um dos processos criminais abertos como consequência da operação Lava-Jato – há um procedimento para cada doleiro apontado como líder de uma organização e pivô de um esquema (além de Youssef, Raul Srour, Nelma Kodama e Carlos Habib Chater).

“Queremos que o Supremo Tribunal Federal fique com toda a investigação em relação ao Alberto Youssef, porque existe uma conexão temática de prova com o envolvimento do deputado André Vargas. Se existia influência do deputado em favor do laboratório Labogen e se ele era sócio da empresa, todas as acusações contra o Youssef têm que ser encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal”, afirmou.

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Como mostrou VEJA, Vargas e Youssef trabalhavam de maneira coordenada para obter contratos para o laboratório Labogen, de propriedade do doleiro, com o Ministério da Saúde. Nas conversas telefônicas interceptadas com autorização da Justiça, Vargas informa que “vai atuar” em favor dos interesses de Youssef. A ajuda foi materializada em um contrato inicial de 30 milhões de reais firmado com a pasta.

Com o envio de parte do processo ao STF, caberá ao tribunal decidir pelo prosseguimento da investigação sobre as relações do petista com o doleiro. A 13ª Vara Federal do Paraná determinou a separação das provas obtidas pela Polícia Federal sobre a relação entre Vargas e Youssef dos demais relatórios da Lava-Jato. A PF apura a prática de crimes financeiros, corrupção e lavagem de dinheiro. Apenas a parte relacionada ao petista será enviada ao STF, em até dez dias. Moro decidiu dar continuidade, na Justiça Federal do Paraná, às investigações sobre “supostos crimes de evasão de divisas, corrupção de empregado público da Petrobras e crimes de lavagem de dinheiro (até de produto de tráfico de drogas)”.

Sociedade – A situação de Vargas se agravou após reportagem de VEJA revelar novos detalhes de sua estreita ligação com o doleiro Alberto Youssef, acusado de comandar um esquema de lavagem de dinheiro. Youssef, a quem Vargas chamava de “irmão”, pagou um jato para o petista viajar nas férias. E os laços não param por aí: VEJA mostrou que o deputado petista e o doleiro trabalhavam para enriquecer juntos fraudando contratos com o governo federal. Mensagens de celular interceptadas pela Polícia Federal mostram que Vargas exercia seu poder para cobrar compromissos de Youssef.

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