Justiça aceita denúncia contra suspeitos de matar Bernardo
Pai, madrasta, amiga e mais um suspeito são considerados réus no crime. Os quatro envolvidos no assassinato deverão ser levados a júri popular
A Justiça acolheu a denúncia feita pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul e abriu processo criminal contra os quatro acusados de envolvimento na morte de Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos. A decisão foi tomada juiz de Direito da Comarca de Três Passos, Marcos Luís Agostini, na tarde desta sexta-feira.
O médico Leandro Boldrini, pai do garoto, a enfermeira Graciele Ugulini, madrasta, e a assistente social Edelvânia Wirganovicz, amiga de Graciele, responderão como réus pelos crime de homicídio quadruplamente qualificado – por motivos torpe e fútil, emprego de medicamente como veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima – e ocultação de cadáver. Boldrini também é acusado de falsidade ideológica por registro falso de ocorrência policial. E o motorista Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, passa a ser réu no crime de ocultação de cadáver.
O corpo de Bernardo foi encontrado enterrado em meio a um matagal no interior da cidade de Frederico Westphalen, a 80 quilômetros da residência da família, que fica em Três Passos (RS), no dia 14 de abril. Depois do inquérito policial, o Ministério Público concluiu que o pai do garoto foi o mentor do crime, executado pela madrasta e a amiga com aplicação de medicamento durante viagem ao município vizinho. O casal considerava a criança, fruto de relacionamento anterior de Leandro, um “estorvo”. Além disso, segundo a acusação, o casal queria se livrar do menino para ficar com a parte que lhe cabia dos bens da primeira mulher do médico.
A defesa de Leandro sustenta que ele é inocente e que as provas contra o cliente, baseadas em um receituário e escutas telefônicas de diálogos entre familiares, são “fracas”. Graciele admite que o menino morreu em suas mãos, por aplicação “acidental” de dose errada de medicamentos e isenta o pai de Bernardo de responsabilidade no caso. Edelvânia admite ter ajudado a ocultar o cadáver, mas nega ter participado do “evento morte”. Evandro alega inocência.
Leia também:
Receituário médico e escutas incriminam pai de Bernardo, diz polícia
Madrasta diz que obrigou Bernardo a tomar remédios 3 vezes em poucas horas
Nas primeiras etapas do processo há prazo de dez dias para apresentação das alegações da defesa e, depois de cinco dias, para manifestação do Ministério Público. Posteriormente são ouvidos testemunhas e os réus. Ao final, o juiz pode considerar a acusação improcedente, absolver os réus ou condená-los, se entender que o homicídio foi culposo, sem intenção de matar. Se entender que houve crime doloso, com intenção de matar, a decisão sobre a condenação ou absolvição dos réus caberá a um júri popular.
(Com Estadão Conteúdo)