Paralimpíada: Atleta refugiado perdeu perna tentando ajudar amigo
O nadador Ibrahim Al Hussein será um dos representantes do times de refugiados nos Jogos Paralímpicos do Rio
Vítima da guerra civil na Síria, Ibrahim Al Hussein foi anunciado nesta sexta-feira como um dos representantes da delegação de refugiados na Paralimpíada do Rio. O nadador de 27 anos perdeu a perna ao ser atingido por uma bomba em 2012, enquanto corria para ajudar um amigo ferido.
Filho de um treinador de natação, Al Hussein cresceu em Deir ez-Zor, na fronteira com o Iraque, e sonhava em ser um atleta olímpico. Ele estava escondido em sua casa para se proteger das explosões, mas decidiu correr para o outro lado rua para oferecer ajuda a um amigo que gritava por socorro. No caminho, o atleta também foi atingido e precisou ter a perna amputada por causa dos ferimentos.
Como pouca estrutura médica, Al Hussein foi operado quase sem anestesia e mandado para casa no dia seguinte, sem acesso a remédios para a dor. Ele decidiu deixar a Síria alguns meses depois para buscar tratamento, chegou à Turquia e de lá viajou em um bote de borracha até a ilha grega de Samos. Desde então, nunca mais teve contato com a família.
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Al Hussein começou a reconstruir sua vida há dois anos, quando se estabeleceu em Atenas e entrou para um time de atletas com deficiência. “A dor física me faz querer competir, me dá energia”, disse em nota do Comitê Paralímpico. “Eu não me importo de não comer ou não ter uma casa, mas não tire meu treinamento”, afirmou.
Nos Jogos Paralímpicos, que iniciam em 7 de setembro, Al Hussein vai competir nas provas de natação de 50 e 100 metros. O time também contará com o iraniano Shahrad Nasajpour, que teve asilo concedido pelos Estados Unidos. Com paralisia cerebral, Nasajpour competirá no arremesso de disco.