Fábio Porchat: ‘Como fazer um programa sem se preocupar em lacrar?’
Fábio Porchat, que ganhou fama com o Porta dos Fundos, fala de seu novo talk show, de polarização política, de Bolsonaro, Anitta, e até da Amazônia
“Mesmo o papo pós-sexo com sua mulher acaba em Bolsonaro. Como fazer um programa sem se preocupar com isso?”. Segundo o próprio, esse foi o dilema encarado pelo ator e humorista Fábio Porchat ao criar seu novo talk show – que, aliás, de tão diferente dos outros similares, ele não gosta de definir como tal. Desde o início do ano, com sua saída da TV Record, Porchat havia deixado de ter um programa dessa linha. Agora, volta ao formato com “Que história é essa, Porchat?”, semanal (todas as terças) do canal pago GNT.
Na novidade, procura fugir da polarização política que marca o país – apesar de por vezes fazer piada com a situação. Em “Que história é essa, Porchat?”, prevalecem entrevistas mais leves, sobre situações engraçadas, ou mesmo dramáticas, mas acerca de situações cotidianas. “Como fazer um programa sem se preocupar em lacrar?”, questionou-se enquanto pensava no episódio piloto. A solução: ouvir casos vividos por famosos e anônimos. “Parto do pressuposto que todo mundo tem ao menos uma boa história para contar”.
Mesmo que se esquive do debate político no novo talk show, todavia acaba por entrar na questão em outros dos espaços pelos quais circula. Como no “Papo de Segunda”, também da GNT, em posts no Twitter e, especialmente, no Porta dos Fundos. Foi neste último que ganhou fama, após lançar o canal de YouTube (hoje com 16 milhões de inscritos), em 2012, ao lado dos colegas Antonio “Kibe” Tabet, Gregório Duvivier e Ian SBF.
Na entrevista em vídeo concedida ao site de VEJA, Porchat comenta também esse seu lado, digamos assim, mais politizado. “O clima hoje tá barra pesada”, afirma. Nos esquetes do Porta dos Fundos, o grupo tira sarro de todos os principais políticos, de Lula a Bolsonaro. “Se faço graça com um ou outro, e é divertido, as pessoas topam”, comenta. No entanto, avalia que há um lado que vê menos graça nas anedotas. “A direita fica mais nervosinha do que a esquerda”, conclui. “A gente ri de muita coisa que está acontecendo. Mas claro que as piadas de mau gosto dos políticos estão nos vencendo”, completa.
Na entrevista, ainda fala de: se artistas, como Anitta, precisam se posicionar; o obscurantismo que toma a internet; como a maneira de se fazer comédia no YouTube mudou a forma de se fazer o mesmo na TV; se convidaria políticos do governo para contar histórias em seu programa. Sobre essa última questão, responde: “Melhor não, né? Deixa. Não precisa”. Confira a conversa com Fábio Porchat no vídeo que abre este texto.