Os Três Poderes: Os efeitos da prisão de Queiroz para o governo Bolsonaro
A prisão do ex-policial Fabrício Queiroz numa casa do advogado do presidente Bolsonaro leva o escândalo das rachadinhas à rampa do Palácio do Planalto
O mais potente de todos os golpes desferidos até agora em direção ao presidente da República ocorreu na quinta-feira 18, com a prisão do ex-policial Fabrício Queiroz, suspeito de ser laranja da família Bolsonaro e considerado testemunha-chave na investigação do esquema de rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, hoje senador. A prisão, por si só, já representaria um fator de desgaste para o presidente Jair Bolsonaro, que sempre reclamou do uso do caso para desestabilizar o seu governo. Mas ela tem uma agravante: Queiroz foi detido numa casa em Atibaia, no interior de São Paulo, que pertence ao advogado Frederick Wassef, defensor de Flávio no inquérito da rachadinha e detentor de uma procuração assinada pelo presidente lhe dando amplos poderes para representá-lo na Justiça. Ou seja, dependendo do que vier a ser descoberto de agora em diante, ficará cada vez mais difícil estabelecer uma barreira separando Queiroz e suas transações financeiras suspeitas dos ex-patrões Flávio e Jair Bolsonaro.
Augusto Nunes, Dora Kramer e Ricardo Noblat comentam também a demissão de Abraham Weintraub do ministério da Educação como uma tentativa de Bolsonaro em acalmar os atritos com o Supremo Tribunal Federal (STF) e agradar sua nova base aliada do Centrão.