O dândi do sertão: Quem é Flavio Capitulino
Paraibano, o galerista saiu do sertão nordestino para vencer e restaurar quadros de pintores como Picasso
Flavio Capitulino nasceu em Sousa, no agreste da Paraíba, e se mudou para Paris com apenas 80 dólares no bolso. Na Europa, foi de faxineiro a dançarino de lambada nas ruas, até chegar a restaurador de obras de arte, sua profissão atual.
O dândi do sertão começou essa carreira por acaso: restaurando o pé de uma mesa de uma madame francesa. De boca em boca, conquistou fama e abriu o próprio ateliê. Sem arrancar grandes admirações por colegas brasileiros, por falta de informação, chegou a reformar grandes quadros do pintor Picasso. Hoje, Capitulino fatura até 20.000 euros (cerca de 80.000 reais) por mês e faz questão de viver uma vida de estilo extravagante na cidade onde cresceu, Campina Grande, também no sertão da Paraíba.
Com terninho colorido e juba esvoaçante dourado-cajá, ele causa rebuliço ao saltar de seu BMW conversível para visitar o tradicional reduto popular. Escoltado por um segurança, esse Michael Jackson do sertão é parado para fazer selfies. “Você é o orgulho da Paraíba”, diz um fã.
Quando um desinformado pergunta a outro quem é o exótico conterrâneo, nota-se que a fama pode ser um troço meio maluco: “Não conhece? Ele restaurou quadros de Sheiquispi (sic)”. Até onde se sabe, o bardo inglês William Shakespeare (1564-1616) nunca pintou um quadro. Mas, se algo tão improvável viesse a ser descoberto, não destoaria em nada dos detalhes inacreditáveis da biografia de Flavio Capitulino.