Antártica: a ciência que pode transformar a vida dos brasileiros
Em uma jornada marcada por cenas deslumbrantes, VEJA relata as investigações vitais de pesquisadores na região
Por que a Antártica, onde o Brasil reabriu recentemente sua estação científica, é vital para os estudos sobre mudanças climáticas, a fauna e a flora na Terra? VEJA enviou ao continente, para acompanhar a reinauguração da Estação Comandante Ferraz, laboratório de investigações científicas que fora consumido por um incêndio em 2012, a repórter Jennifer Ann Thomas e o repórter fotográfico Jonne Roriz. A bordo do navio polar Almirante Maximiano, da Marinha brasileira, numa jornada que levou cinco dias desde o embarque no Chile, eles relatam os desafios e as descobertas de pesquisadores na região.
A base se dedica a estudos que podem trazer efeitos práticos para a saúde pública. VEJA acompanhou, por exemplo, o trabalho do microbiologista Luiz Henrique Rosa, da Universidade Federal de Minas Gerais, cujo objetivo é avaliar fungos com potencial de propriedades úteis para a agricultura e diversas áreas, como alimentícia, farmacêutica e de aviação. Duas espécies já apresentaram bons resultados no combate contra a dengue e a doença de Chagas. São saltos extraordinários, promissores, que só não ganham a merecida relevância por brotarem do fim do mundo, ali aonde poucos desembarcam e prestam atenção (embora, ressalve-se, cruzeiros turísticos levem 40 000 visitantes, todos os anos, para a franja do gelo, a um custo mínimo de 10 000 dólares por excursão).
Valem os 415 milhões de reais dos cofres públicos para reanimar o cotidiano no frio? A resposta é um convincente sim. “Aqui é uma Ferrari da ciência”, compara o botânico Paulo Câmara, da Universidade de Brasília. As descobertas não cessam, e o vazio melancólico autoriza alguns de seus provisórios moradores a vislumbrar um futuro especial para a Antártica.