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Pessoas acima de 60 anos embarcam cada vez mais no universo digital

Eles ficaram ainda mais ativos nas redes sociais e nas transações on-line durante a quarentena. Isso é ótimo, mas a tecnologia traz riscos

Por Sabrina Brito Atualizado em 4 jun 2024, 13h33 - Publicado em 19 fev 2021, 06h00
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  • Pela primeira vez na história, uma geração inteira de sessentões — e, quem sabe, setentões, oitentões, noventões e o que mais vier por aí — terá pela frente a tecnologia como uma aliada da rotina. Por mais que a internet, as redes sociais e os gadgets pareçam, à primeira vista, destinados especialmente aos mais jovens, estudos recentes mostram que a turma sênior nunca esteve tão aberta às inovações trazidas pelos novos tempos. Ela está mais conectada, e isso não é apenas um retrato momentâneo, mas uma tendência que mudará para sempre a forma como a sociedade consome produtos e serviços. Com o avanço da medicina e o cada vez mais saudável envelhecimento da população, será preciso olhar para os idosos como um público capaz de entender, e desfrutar, as maravilhas do universo tecnológico. É lá que estão, por exemplo, as mídias digitais e os negócios on-line que ganharam nova dimensão na crise do novo coronavírus. É lá que os veteranos querem estar, e onde certamente estarão por muitos anos.

    Não é exagero dizer que os sessentões e seus pares mais velhos são digitais hoje em dia. A avaliação pode ser comprovada por um amplo estudo realizado pela Kantar Ibope, que trouxe novas luzes sobre esse grupo etário. De acordo com o levantamento, 75% dos idosos com acesso à internet fizeram alguma transação on-line no ano passado, um recorde. Além disso, foi detectado um aumento de 66% nas interações via mídias sociais, na comparação com os últimos cinco anos. As mudanças não são à toa. Isoladas na pandemia, ou trabalhando em home office, as pessoas cima de 60 anos foram obrigadas a estreitar a relação com a tecnologia. Aprenderam a se virar, e gostaram do que viram. Os números da Kantar Ibope confirmam a percepção. A maioria delas aumentou a permanência na internet e nas redes sociais durante a pandemia, além de consumir mais streaming e itens on-line. A plataforma preferida foi o Facebook, acessada por 98% dos que têm acesso à internet, seguida pelo WhatsApp, com 95%.

    Poucas atividades despertaram tanto o apetite dos mais velhos quanto o comércio eletrônico. Eles perceberam que as compras domésticas estão a um clique de distância, e uma pequena revolução foi desencadeada. Segundo a plataforma digital Supermercado Now, especializada em delivery de alimentos, bebidas, produtos de limpeza e tudo o que pode ser encontrado nas gôndolas, o número de usuários acima de 60 anos aumentou 1 575% em 2020, mais do que qualquer outra faixa de idade. Atualmente, eles representam 13% de clientes, e a participação não para de crescer. Como a digitalização é inevitável, surgiram iniciativas como o Vovó Hi-Tech, projeto que oferece aulas sobre tecnologia para idosos. “Nosso objetivo é trazer independência digital para as pessoas”, diz Paula Peleja, fundadora da empresa. Um dos alunos é Osvaldo Santana e Silva, psicólogo de 68 anos, de Brasília, que começou a frequentar o curso no início da pandemia. “Quando a crise chegou e tudo passou a ser feito virtualmente, entrei em pânico por não conhecer as ferramentas digitais”, revela. “Por isso, decidi buscar ajuda.”

    arte idosos internet

    Nem é preciso dizer que a inclusão digital é bem-vinda. Sem ela, o acesso à informação é limitado, as oportunidades de trabalho desaparecem e a pessoa vive como se estivesse no limbo da sociedade. Tudo isso é verdade, mas existem riscos que não podem ser ignorados. Um exemplo é o fato de idosos serem mais suscetíveis a fraudes conhecidas como o phishing, método que se baseia na tentativa de obter dados pessoais por meio do envio de links falsos ou mensagens mal-­intencionadas. Estudos já demonstraram que pessoas com mais de 60 anos são as vítimas preferidas dos criminosos. Não é só isso. Também há pesquisas indicando que elas caem mais frequentemente em fake news. De acordo com um artigo publicado recentemente na revista científica Science Advances, indivíduos acima de 65 anos são mais propensos a divulgar notícias falsas — em geral, isso ocorre porque não sabem identificar fontes confiáveis na internet.

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    A ciência demonstrou em inúmeros tratados os benefícios irrefutáveis da inclusão digital. Além da maior integração à sociedade, o acesso a dispositivos eletrônicos é um estimulante poderoso para o cérebro. A tecnologia também pode ser uma fonte de independência ao permitir a realização de compras, transferências bancárias e interações sociais pelo celular ou computador, mesmo para aqueles com dificuldade de locomoção. Não significa, porém, que basta largar o idoso conectado ao smartphone para deixar de visitá-lo ou não fornecer o carinho indispensável. O vovô está ligado, mas ele não quer ficar sozinho.

    Publicado em VEJA de 24 de fevereiro de 2021, edição nº 2726

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