Paciente da Neuralink consegue controlar mouse com pensamento, diz Musk
Empresário ainda afirma que voluntário se recupera bem. Quando o implante ocorreu, o interesse pelo aparelho disparou, de acordo com o Google Trends
Em janeiro, a Neuralink, empresa de neurotecnologia do bilionário Elon Musk, realizou com sucesso o primeiro implante do seu chip cerebral, o Telepatia. O empresário afirmou nesta segunda-feira, 19, que o paciente se recupera bem e já consegue controlar o movimento de um mouse apenas com o pensamento.
O anúncio foi feito em um evento em um Spaces, sala para conferências por áudio do X, antigo Twitter. Além de informar sobre o sucesso do implante, ele disse que o próximo passo, agora, é fazer com que o paciente consiga realizar “tantos cliques quanto possível”.
Como funciona o Telepatia?
O dispositivo tem o tamanho aproximado de uma moeda e é cheio de pequenos eletrodos capazes de identificar sinais elétricos dos neurônios, células do sistema nervoso responsáveis por conduzir pensamentos, sentidos e comandos motores.
A empresa não deu informações sobre quem é o primeiro paciente, mas chegou a afirmar que os primeiros testes seriam realizados com pessoas que perderam os movimentos dos membros. O uso, no entanto, não se restringirá a fins médicos. “O chip permite o controle de um computador ou smartphone, e por meio deles, de qualquer outro dispositivo, usando apenas o pensamento”, escreveu Musk, na mesma rede.
Quando o implante ocorreu, o interesse pelo aparelho disparou, o colocando entre os assuntos mais buscados, de acordo com o Google Trends.
Segundo a empresa, o próximo dispositivo a ser testado será chamado Blindsight e servirá para recuperar a visão em pacientes cegos.
Quais os dilemas éticos?
O dispositivo representa um avanço para o tratamento de pessoas com deficiência, mas também é visto com receio por especialistas. Hoje, ainda não existem regulações claras que tratem das neurotecnologias, interfaces cérebro-máquina que permitem conectar o sistema nervoso a dispositivos eletrônicos com o fins médicos ou de expandir as capacidades humanas.
Em entrevista a Veja, em julho de 2023, Rafael Yuste, especialista em neurodireitos, se disse preocupado com o investimento de empresas privadas nessa área de pesquisa e afirmou que, se esse tipo de tecnologia não for regulada de maneira apropriada, empresas como a de Musk poderão utilizar informações privadas ou inconscientes para fins comerciais ou políticos.