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O teste tecnológico dos populares eventos de Endurance

O desempenho e a durabilidade dos carros são postos à prova

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 jul 2024, 08h00

No automobilismo, é adequado valorizar não apenas o talento individual dos pilotos que desafiam os limites das máquinas nas pistas, mas também o trabalho de equipe. Além de quem está atrás do volante, há os projetistas dos carros, os líderes dos times e todos que atuam nos boxes, trabalhando velozmente para não desperdiçar um segundo que seja. Em nenhuma outra categoria essa união é tão clara quanto no Endurance. O nome faz referência às provas que testam os limites de resistência dos veículos, dos condutores, que se revezam, e dos técnicos, que precisam manter tudo funcionando. A mais conhecida disputa dessa família, as 24 Horas de Le Mans, acontece anualmente na França desde 1923. Mas há outras corridas relevantes, como as 6 Horas de São Paulo, de volta à capital paulista na semana passada, depois de dez anos. É um evento esportivo, sem dúvida, mas serve de campo de testes para avanços na tecnologia, depois incorporados aos carros de passeio dirigidos diariamente.

A história da aventura é longa. Há registros de disputas realizadas desde o início do século passado. Algumas eram feitas até com o charme de travessias transatlânticas, como a viagem de Nova York até Paris em 1908. O trajeto seguia pelos Estados Unidos, em direção ao Alasca, e incluía um trecho de navio pelo Estreito de Bering, até chegar à Sibéria e, dali, seguir por terra até a França. Apenas três dos seis veículos competidores conseguiram terminar a jornada. Outras baterias, disputadas em circuitos fechados, também remontam a mais de 100 anos. O Brasil tem tradição na organização de corridas similares, como as Mil Milhas, criada em 1956. Hoje, além de São Paulo e Le Mans, o calendário oficial do World Endurance Championship (WEC), o campeonato mundial da categoria, inclui bandeiradas nos Estados Unidos, Catar, Itália, Bélgica, Japão e Bahrein.

MÍTICO - As 24 Horas de Le Mans: realizada anualmente desde 1923
MÍTICO - As 24 Horas de Le Mans: realizada anualmente desde 1923 (Keystone-France/Gamma-Keystone/Getty Images)

O modo mais interessante de acompanhá-las é entender como as soluções criadas para aumentar a eficiência e a resistência dos veículos foram usadas pelo comum dos mortais. A injeção direta de combustível, por exemplo, invenção da Mercedes em 1955 para seu modelo 300 SL, valentão do Endurance, hoje é norma. Os onipresentes freios a disco também apareceram primeiro em Le Mans, em 1953, equipando carros da Jaguar. Os motores turbo, quase inevitáveis em boa parte dos modelos de hoje, surgiram nos intermináveis giros em autódromos e estradas em meados da década de 1970, filhos de modelos invocados da Porsche.

Hoje, a categoria dos hipercarros ajuda a impulsionar ainda mais a tecnologia. Vistos de fora, parecem absolutamente distantes da realidade das ruas, com um design esportivo e aerodinâmico. Mas são fundamentais, especialmente na era da eletrificação. “Eles são híbridos, o que é diferente da Fórmula 1”, diz a CEO da Peugeot, Linda Jackson, que esteve no Brasil para acompanhar o desempenho da equipe (leia mais abaixo). “Usamos os hipercarros como um laboratório de inovações que serão implementadas na linha de produção”, afirma. A empresa francesa não é a única interessada em explorar o potencial desse tipo de competição. Há catorze montadoras inscritas, da alemã Porsche e da italiana Lamborghini à americana Cadillac e à japonesa Toyota. Os fãs agradecem a chance de ver o confronto global de perto. Em São Paulo, o público passou de 75 000 pessoas, nos três dias de evento. As 24 Horas de Le Mans atraem mais de 250 000 entusiastas. Para além da velocidade e da tensão, é fundamental entender que o aprimoramento da segurança e do desempenho de veículos do dia a dia passa pelo ronco e pelo suor do Endurance.

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“O futuro é elétrico”

DE PERTO - Jackson, da Peugeot: visita aos boxes em São Paulo
DE PERTO - Jackson, da Peugeot: visita aos boxes em São Paulo (Julien Delfosse/DPPI/Alamy/Fotoarena/.)

Em visita ao Brasil, a CEO global da Peugeot, Linda Jackson, falou sobre como a empresa testa tecnologias nos carros e como vê o mercado de carros híbridos e os de tomada nos próximos anos.

Como tecnologias usadas nos hipercarros são adaptadas para a linha de produção? Nesses carros, por exemplo, temos uma bateria de 9 volts com um sistema de recarregamento muito rápido. Não digo que teremos baterias assim em carros de passeio, mas o dispositivo de recarga pode ser adaptado. No nosso modelo, usamos ainda um bioetanol que pode ter um papel relevante em um mercado como o brasileiro.

Por que a Peugeot decidiu retornar às provas de Endurance? Temos uma longa história no esporte e vencemos em algumas ocasiões. Depois da Fórmula 1, é a categoria mais popular. Além disso, por ter carros híbridos, faz sentido como um laboratório de tecnologias.

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Há impacto direto nas vendas após um evento como Le Mans ou São Paulo? Fazemos eventos e promoções na mesma época, então temos picos de venda. Mas não posso dizer que é só por causa da competição.

O que atrai os fãs nesse tipo de evento? Muitas coisas. Talvez em toda a história do WEC, o campeonato mundial de Endurance, a disputa nunca foi tão parelha, e isso significa que tudo pode acontecer e qualquer um pode sair vencedor. É um evento familiar. E quem tem prazer em dirigir gosta de ver carros sendo guiados impecavelmente.

Como vê o futuro da eletrificação da frota? Cada lugar está em um estágio diferente. Na Europa, os elétricos dominam o mercado. Na América do Sul, o momento é dos híbridos. O objetivo é a eletrificação total, mas isso depende de muitos fatores, como a infraestrutura e a procura.

Publicado em VEJA de 19 de julho de 2024, edição nº 2902

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