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Em alta, combustíveis alternativos esbarram nos altos custos de produção

Na busca pela redução das emissões de carbono, montadoras apostam nas novas tecnologias

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 10 abr 2022, 08h00

O mais recente relatório sobre os riscos ao planeta apresentado na semana passada por especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) projeta um cenário para lá de dramático. Segundo o documento, o mundo tem apenas três anos para impedir que uma catástrofe ambiental se instale a tal ponto que seja quase impossível revertê-la. O relógio climático, portanto, obriga a sociedade a acelerar ações que freiem o movimento incessante dos ponteiros. Uma frente de combate é a redução drástica do uso de combustíveis fósseis. Nesse campo, é preciso reconhecer que se avançou muito nos últimos anos com a notável ampliação de fontes alternativas — da energia solar para abastecer indústrias e residências aos carros elétricos. No entanto, há muito por ser feito. Um novo projeto adiciona agora novas esperanças ao meio ambiente. Trata-se do combustível sintético, inovação que promete contribuir para a redução do uso indiscriminado do petróleo.

A alemã Porsche é uma das líderes desse movimento. Na quarta-feira 6, a montadora confirmou um investimento de 75 milhões de dólares na compra de 12,5% da HIF Global, empresa chilena que desenvolve combustíveis alternativos e que possui operações nos Estados Unidos e Austrália e em seu próprio país. A primeira fábrica do tal combustível sintético, chamada Haru Oni, está em construção em Punta Arenas, na região da Patagônia chilena, escolhida pelas condições climáticas ideais para a produção de energia eólica, devendo ficar pronta ainda em 2022.

A produção de gasolina sintética, ou eFuel, como é conhecida, envolve parcerias com outros gigantes corporativos, como a também alemã Siemens Energy e a americana ExxonMobil. Em linhas gerais, a novidade consiste em converter hidrogênio e CO2 capturado na atmosfera em metanol, que depois será transformado, por meio de um processo de refino, em gasolina sintética (veja detalhes no quadro). A boa notícia aparece logo depois: segundo a Porsche, um veículo movido a eFuel é capaz de reduzir em 85% as emissões de poluentes em comparação com o mesmo modelo abastecido por combustíveis convencionais.

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O projeto é promissor, mas implementá-lo em larga escala não é tão simples assim. A Porsche não informa os valores exatos, mas sabe-se que o custo de produção da gasolina sintética é, pelo menos por enquanto, superior ao que a indústria desembolsa no processo de preparação do combustível tradicional. Em outras palavras: a novidade não é competitiva no mercado, e eis aqui um tremendo ponto de interrogação para a sua viabilidade. A Porsche diz que a produção começará de fato no segundo semestre e será, inicialmente, de apenas 130 000 litros. Por isso, o combustível será destinado apenas a eventos automobilísticos e esportivos, além de experiências da marca. “É um investimento de longo prazo”, afirma Barbara Frenkel, executiva da área de compras da Porsche. “Vemos um potencial enorme e esperamos que ele ofereça valiosa contribuição para nossa estratégia de sustentabilidade.” A capacidade de produção será ampliada em duas etapas. Em 2024, deverá chegar a 55 milhões de litros e, em 2026, saltar para 550 milhões, à medida que novas fábricas sejam construídas nos Estados Unidos e na Austrália.

A Porsche não está sozinha na busca por combustíveis sintéticos. A também alemã Audi é outra entusiasta da inovação, embora ela seja vista pela empresa apenas como uma tecnologia de transição, já que sua aposta maior é no futuro totalmente elétrico. Há outros exemplos. Uma parceria entre Bosch, Shell e Volkswagen anunciou há um ano o desenvolvimento de uma nova gasolina azul, que contém 33% de componentes vindos de fontes renováveis e que reduz as emissões de carbono em ao menos 20% por quilômetro. Seja como for, o mundo precisa gastar energia para desenvolver soluções que diminuam efetivamente as emissões de poluentes. O planeta pede socorro. É preciso agir já.

Publicado em VEJA de 13 de abril de 2022, edição nº 2784

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