Sam Altman, o criador do ChatGPT, tem uma visão otimista quanto ao futuro mediado pela Inteligência Artificial. Enquanto companhias, como a British Telecom anuncia que ira cortar mais de 40% da força de trabalho até 2030, subsitutindo-a por softwares inteligentes, o CEO da OpenIA, empresa que tem impressionado os usuários com suas ferreamentas capazes de apresentar soluções imediatas para problemas complexos, não acredita que as máquinas irão substituir os humanos.
“Muitos empregos vão desaparecer, isso é uma coisa que acontece em revoluções tecnológicas. Mas, no geral, são ferramentas boas para fazer tarefas, mas não para um trabalho total. Coisas incríveis vão acontecer e eu acho que todos ficaremos surpresos, o quão ricos, criativos e excitantes serão as novas oportunidades”, afirmou Altman, que está no Brasil e participou do seminário “O Futuro da IA e o Brasil”, organizado pela Fundação Lemann, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
O encontro, mediado por Deniz Mizne, diretor-executivo da Fundação Lemann, contou com a participação também de Nina da Hora, cientista da computação e Felipe Such, brasileiro que é programador e membro do corpo técnico da OpenAI.
Sam fez questão de ressaltar que é difícil fazer previsões, mas que algumas tarefas poderão ser totalmente substituídas pela tecnologia e os humanos terão de desenvolver habilidades específicas para lidar com elas. “Estamos falando de ferramentas e não de criaturas. IA são muito boas para fazer tarefas, mas não trabalhos inteiros. Os humanos terão de descobrir o que eles querem criar e quais são as perguntas que precisam ser feitas para chegar a novas ideias”, disse.
O debate em torno do futuro do trabalho está diretamente ligado às discussões quanto à regulação da tecnologia. Sam fez questão de afirmar que é favorável à criação de regras para a Inteligência Artificial não prejudique a humanidade, mas ponderou que não se pode exagerar nos marcos regulatórios não frearem o desenvolvimento da tecnologia, que, segundo ele é “imparável”.
“São sistemas que influenciam o mundo e precisamos de estrutura internacional pra lidar com isso. Cada país irão apresentar sua regulação, mas o mais importante é ter padrões de segurança, auditorias externas e politicas governamentais para reforçar isso. Demoramos mais de oito meses parra lançar o ChatGPT depois de ele estar pronto, futuras tecnologias, talvez levem mais tempo”, ressaltou.
Outro dilema ético trazido ao debate é o viés de gênero e raça apresentado em respostas dos algorítmos às perguntas dos humanos. Estudos recentes revelaram que as fontes mais usadas pelas tecnologias de Inteligência Artificial não apresentam diversidade. Denis Mizne contou, durante a conversa, que perguntou ao ChatGPT quem deveria compor a mesa para participar do debate e todos os apontados eram homens brancos.
“Um dos erros que as empresas do Vale do Silício fez no passado é continuar encerrado no ecosistema digital de São Francisco. Uma das coisas fascinantes da IA é a capacidade que ela tem de aprender com milhões de pessoas do mundo inteiro, ensinando sobre valores injustiças e dizendo ‘isso é importante para mim’, é isso o que tem de ser incluído no sistema como possibilidade. Um estudo recente mostrou que o sistema é menos tendencioso a ter vieses do que humanos, que são treinados para isso”, garantiu Sam.