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Áudios mostram quais são as preocupações de Zuckerberg com o Facebook

Alvo de críticas, o CEO adotou posturas polêmicas em encontros da empresa em julho. Chegou a abordar até a possibilidade de processar o governo dos EUA

Por Sabrina Brito 1 out 2019, 17h46

Não é segredo que o Facebook vem passando por grandes dificuldades. E, hoje (1º), em consequência de vazamentos do conteúdo de reuniões do CEO Mark Zuckerberg com funcionários, o cenário agravou-se.

É preciso, antes, compreender o contexto. Nos últimos anos, a rede social tem sido alvo de críticas dos mais variados tipos, e diversos dos maiores nomes da empresa se demitiram, um a um. A crise teve um de seus momentos mais marcantes em 2018, quando o CEO Mark Zuckerberg deu um depoimento ao Senado norte-americano sobre o compartilhamento irregular de informações com a Cambridge Analytica, empresa especializada em análise de dados.

Suspeita-se até mesmo que tenha havido interferência do governo russo para garantir a vitória de Donald Trump em 2016, e influir no plebiscito do Brexit, na Inglaterra, no mesmo ano. No Brasil, há investigação sobre se algo parecido pode ter ocorrido em território nacional durante as últimas eleições. A diferença seria que, em vez do Facebook, a rede social utilizada teria sido o WhatsApp. Em julho de 2019, o Facebook fechou um acordo de 5 bilhões de dólares (quase 20 bilhões de reais) com o governo dos EUA para encerrar esses casos, além de ter prometido instalar políticas mais rígidas para o controle das informações coletadas.

Agora, em quase duas horas de áudios vazados ao site americano The Verge, revelou-se o a intensidade e os alvos das maiores preocupações de Zuckerberg em relação às polêmicas que rondam o Facebook. Entre elas, estão a possibilidade de mais um embate legal com o governo norte-americano, a concorrência com o Twitter e as alegações de que a rede social constituiria um monopólio (e isso poderia abrir para a possibilidade de desmembramento da empresa, separando-a de Instagram e WhatsApp).

Como era de se esperar, muitos dos empregados da companhia acumulavam dúvidas sobre o comportamento suspeito do CEO e o futuro incerto do Facebook. Para amenizar as tensões, Mark realizou duas reuniões abertas, em julho deste ano, durante as quais ele respondeu a perguntas e assegurou aos presentes que está tudo em ordem, conclamando-os a batalhar pela marca.

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As duas horas de gravações vazadas mostram um Zuckerberg mais direto e honesto do que o público está acostumado a ver. Além disso, o tom motivacional é claro. Um exemplo pode ser encontrado na fala do CEO sobre Elizabeth Warren, senadora norte-americana, possível candidata democrata à presidência, e conhecida por lutar pela dissolução da empresa de Zuckerberg.

Respondendo à pergunta de um funcionário sobre a possibilidade de fazer com que o Facebook saia dos negócios de WhatsApp e Instagram, o bilionário rebateu: “Temos alguém como Elizabeth Warren, que acredita que a solução é dissolver as empresas. Se ela for eleita presidente, eu aposto que teremos um desafio legal, e aposto que venceremos esse desafio legal. Será ruim para nós? Sim, afinal, eu não quero ter que processar o nosso próprio governo. Mas, veja bem, no fim do dia, se alguém tenta te ameaçar, você vai ao tatame e luta”.

Ainda segundo Zuckerberg, o Facebook, dadas suas dimensões gigantescas, pode ser uma poderosa arma na guerra contra a interferência eleitoral — diferentemente do Twitter. “Eles enfrentam, qualitativamente, os mesmos problemas. Mas não podem investir. Nosso investimento em segurança é maior do que a receita total daquela empresa”, opinou.

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O bilionário comentou ainda a influência da chamada big tech na solução de problemas e na interferência em eleições — assunto muito explorado no depoimento do CEO ao Senado. “Dissolver essas empresas, seja o Facebook, a Google ou a Amazon, não vai resolver os problemas de verdade. E, sabe, isso não tornará a interferência em eleições menos provável. Tornará a interferência mais provável porque, assim, as empresas não poderão trabalhar juntas”, disse.

Além disso, falou sobre as críticas feitas a ele pela mídia, sobretudo devido às péssimas condições de trabalho oferecidas a alguns milhares de empregados que possuem a tarefa de moderar o conteúdo publicado na rede. “Algumas reportagens são um pouco exageradas, eu acho. Elas parecem vasculhar e até entender o que está acontecendo, mas parecem apenas ver o lado terrível das coisas o dia inteiro. Há coisas muito ruins com as quais as pessoas precisam lidar, e nós temos que garantir que recebam o aconselhamento, o espaço e a capacidade certas de fazer pausas e ter o apoio à saúde mental de que precisam. É algo muito importante”, comentou.

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