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Zika: Butantan retoma desenvolvimento de vacina para gestantes

Dose busca prevenir os casos de microcefalia em bebês de mães infectadas e deve começar testes pré-clinicos em animais em agosto de 2024

Por Diego Alejandro
8 dez 2023, 13h05

Com uma tecnologia de partículas que “imitam” o vírus, formalmente chamadas de  VLPs (do inglês virus-like particles), o Instituto Butantan vai retomar os testes pré-clíncos de uma possível e inédita vacina contra o zika vírus (ZIKV) para gestantes. 

Os testes com animais devem começar em agosto de 2024, e tendo a eficiência comprovada, partirá para os estudos em humanos em 2026. Caso seja aprovada para uso, será a primeira vacina no mundo contra a Zika, doença transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti e que tem como principal impacto a microcefalia (malformação do cérebro), que acomete recém-nascidos de mães que foram infectadas durante a gestação.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem registros de circulação do vírus em 89 países. No Brasil, o Zika foi responsável por 50% das 3,7 mil infecções congênitas (transmitidas da mãe para o bebê) confirmadas entre 2015 e 2022, de acordo com o Ministério da Saúde.

Os pesquisadores têm se dedicado ao estudo da vacina desde 2015, quando o Brasil enfrentou uma epidemia do vírus. “Nós temos o protótipo inicial que poderá ser produzido em condições de Boas Práticas de Fabricação. Estamos trabalhando no refinamento da formulação para caminhar para os ensaios pré-clínicos”, afirmou Renato Mancini Astray, diretor do Laboratório Multipropósito do Instituto Butantan e um dos responsáveis pelo projeto.

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O foco da vacina é protejer gestantes contra o patógeno e, consequentemente, os fetos da Síndrome da Zika Congênita (SZC). `Para a população geral, a doença costuma ser mais leve, com 80% dos contaminados assintomáticos. “Como o principal público-alvo seriam mulheres grávidas, a vacina contra Zika precisa ter um perfil de segurança muito alto. A confiabilidade desses processos é grande, tanto em termos científicos como no aspecto regulatório”, aponta o pesquisador.

Tecnologia que “engana” o organismo

Diferente de vacinas inativadas ou atenuadas, as VLPs não utilizam o vírus inteiro e não contêm material genético viral, somente fragmentos de proteínas, como é detalhado no estudo publicado na Frontiers in Pharmacology. Assim, se agrupam e formam uma partícula semelhante ao vírus que “engana” o organismo, ativando a resposta imune.

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As partículas foram produzidas em células de inseto, utilizando um baculovírus recombinante que carrega informações genéticas do Zika (e não infecta humanos). Na cultura celular de insetos, ambos se multiplicam. “Formam-se dois lotes: baculovírus modificados e VLPs de Zika, que nós conseguimos separar para obter somente as VLPs purificadas”, explica Soraia Jorge, diretora do Laboratório de Biotecnologia Viral do Butantan, que coordenou o estudo.

Nesse momento, as VLPs estão prontas para serem testadas em animais para avaliar a segurança e imunogenicidade (capacidade de provocar resposta imune). Os testes pré-clínicos conduzidos em outros países já demonstraram que partículas semelhantes ao Zika são imunogênicas, então a expectativa é que os resultados sejam positivos.

Além de ser segura e comprovadamente eficaz, a plataforma estudada há décadas pode ser aplicada no desenvolvimento de outras vacinas. “Podemos usar esse mesmo sistema de células de inseto em qualquer vírus semelhante ao Zika, como febre amarela e dengue, que são outros arbovírus. Temos estrutura e know-how para isso”, destaca Soraia, que também desenvolve VLPs do vírus da raiva e do SARS-CoV-2 por meio de outros sistemas. “É possível produzir essas moléculas em bactérias, leveduras, plantas transgênicas e células de mamíferos e insetos.”

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