A variante P.1, identificada originalmente em Manaus, está se espalhando não só pelo Brasil, mas também pela América do Sul. Cerca de 40% dos casos de coronavírus detectados recentemente em Lima, no Peru, estão associados à variante, segundo informações do Washington Post. No Uruguai, a cepa é responsável por 30% dos casos de Covid-19 e no Paraguai, metade dos casos identificados na fronteira com o Brasil são causados pela P.1, segundo informações do jornal americano.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a P.1. já foi rastreada em 45 países, incluindo Estados Unidos, Japão, Canadá, México, Espanha, Itália, França e Índia. Na América do Sul, apenas Bolívia, Equador, Suriname e Guiana não haviam registrado casos da doença decorrentes da variante brasileira, de acordo com o último boletim epidemiológico da OMS. No entanto, devido à defasagem da realização de testes genômicos na região, isso não significa que a cepa ainda não esteja por lá.
A crescente presença das novas variantes está associada ao agravamento da pandemia nesses países. Estudos mostram que além de ser mais transmissível, a mutação parece mais perigosa.
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A forma como ela teria se espalhado pela região não é segredo, tampouco é difícil de entender. Quase todos os países da América do Sul têm longas divisas com o Brasil, exceto Equador e Chile. Na maior parte dos casos, não há grande controle nas cidades fronteiriças e cruzar para outro país pode ser tão simples quanto atravessar a rua.
Especialistas acreditam que a única forma de controlar a pandemia na região é pela vacina, que caminha a passos lentos na maior parte dos países. De acordo com informações da plataforma Our World in Data, ligada à Universidade Oxford, a América do Sul administrou apenas 6% das doses de vacina do mundo. A situação fica ainda mais grave quando constata-se que até o Chile, que tem a melhor campanha de imunização da América do Sul, enfrenta uma nova onda da doença.