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Uso prolongado de headphones pode amassar a cabeça?

Dúvida foi levantada após streamer raspar cabeça em transmissão ao vivo e viralizar. Saiba a avaliação dos médicos

Por Diego Alejandro
Atualizado em 9 jun 2023, 12h15 - Publicado em 9 jun 2023, 12h12

Quanto mais as pessoas se acomodam em frente ao computador, mais problemas e preocupações surgem em decorrência disso – afinal, o corpo humano não evoluiu por milhares de anos para resistir 8, 10 ou 12 horas sentado.

Agora, chegou a vez dos gamers e streamers relatarem uma espécie de amassamento em suas cabeças devido ao uso prolongado de headphones.

Um usuário da Twitch viralizou ao notar a deformidade, enquanto raspava a cabeça com um barbeador, em uma ação para caridade:

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Além da peculiaridade, duas perguntas ficaram ecoando no ar: a deformação sempre acontece e pode ser permanente? Mais: causaria algum problema de saúde?

De acordo com um estudo publicado na National Library of Medicine, seriam necessários pelo menos 135 kg de peso pressionando o crânio para causar uma pequena fratura ali – e um headphone pesa gramas. Em essência, as resposta seria não!

“A percepção do desnivelamento pode ocorrer por uma alteração da espessura dos tecidos moles ou da forma ou espessura do tecido ósseo onde repousa o tecido mole”, esclarece Adalberto Novaes, coordenador do Departamento de Crânio-Maxilo-Facial da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF). O médico também explica que o mesmo acontece, por exemplo, no uso prolongado de óculos com as suas estruturas de suporte apertadas na raiz do nariz e região temporal, que geralmente é reversível removendo o uso por um período razoável de tempo. 

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Ou seja, o efeito é temporário e, de certo modo,  inofensivo. “O que chama a atenção é que o couro cabeludo tem pequena espessura para que esse fenômeno ocorra, o que pode causar uma atrofia dos tecidos moles da região, comprometendo a microcirculação e os folículos pilosos, com consequente redução dos cabelos da região e até áreas de alopécia (perda de cabelo)”, afirma Novaes.

Entretanto, isso tudo vale para crânios de esqueletos já desenvolvidos, avisa o cirurgião. Crianças, que apresentam bastante plasticidade óssea, realmente podem ter alterações nos crânios e requerem atenção especial.

Outros riscos

O uso prolongado de headphones não consegue amassar o crânio, mas pode muito bem ferir a audição. “O recomendado é em 8 horas não ultrapassar 85 decibéis. O problema é que os dispositivos passam facilmente dessa intensidade”, expõe Arthur Menino Castilho, presidente da Sociedade Brasileira de Otologia e membro da ABORL-CCF.

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Castilho também adverte que a cada 5 decibéis a mais do limite seguro, o tempo recomendado cai pela metade. “Com o avanço da tecnologia, a qualidade do som e a infinidade de músicas e vídeos te prendem aos fones de ouvido”, diz. Portanto, não é apenas o volume que causa danos, mas a duração da exposição.

De acordo com um estudo de 2021, aproximadamente 1,7% das pessoas em todo o mundo sofrem de perda auditiva induzida por ruído. O trabalho relatou que indivíduos que usam fones de ouvido em um ambiente já ruidoso correm um risco 4,5 vezes maior de perda auditiva.

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