Tutores de médicos estrangeiros demoram para ser apresentados ao programa
Universidades federais deveriam indicar médicos brasileiros para tutorar formados no exterior, mas parte deles ainda não foi nem escolhida
O programa Mais Médicos prevê que profissionais estrangeiros e brasileiros com diploma no exterior sejam acompanhados por tutores durante seu trabalho, mas parte deles – indicados por universidades – ainda não teve contato com o programa. Alguns sequer foram escolhidos pelas instituições de ensino que, de acordo com o governo, darão respaldo acadêmico ao projeto.
Os profissionais formados no exterior só não vão trabalhar no País sem orientação pedagógica porque o governo resolveu adiar em uma semana o início do atendimento, que passou para o próximo dia 23.
Em julho, uma portaria publicada pelo Ministério da Educação (MEC) abriu espaço para instituições federais aderirem ao programa e indicarem médicos para atuar como tutores – eles receberão para isso 5.000 reais por mês. Muitas delas, no entanto, enfrentaram disputas internas ao deliberar sobre o tema. O principal obstáculo é a oposição que alguns médicos fazem à não exigência da revalidação do diploma dos profissionais formados no exterior, como ocorre com outros estrangeiros que queiram trabalhar no Brasil.
A exceção levou a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), por exemplo, a negar apoio ao Mais Médicos. No estado, coube à Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) firmar a parceria. A adesão, no entanto, só foi aprovada definitivamente em 30 de agosto, e o médico indicado participará da primeira reunião com o MEC no dia 19. Até agora, Geovani Gurgel Aciole, o profissional escolhido, ainda não foi apresentado a nenhum de seus orientandos.
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Pelo Brasil – Há locais em que a situação é ainda mais complicada. O conselho da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), por exemplo, nem decidiu se vai aderir ao programa. A instituição informou que discute essa possibilidade com o governo. O debate também continua na Paraíba, onde só a Federal de Cajazeiras cogita participar.
No Acre, a universidade federal ainda não tem um professor oficializado na função de tutor. Segundo a pró-reitoria de graduação da Ufac, o nome será apresentado em breve. O mesmo ocorre com as Federais do Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Pará.
Responsável pela coordenação dos tutores, o MEC afirma que nenhum médico brasileiro ou estrangeiro ficará sem receber orientação pedagógica. Quando o apoio não for dado pela universidade federal, outras instituições de ensino assumirão o papel, informa o ministério.
Exceções – Em Pernambuco, a situação é totalmente diferente. Os dois tutores escalados pela universidade federal do estado participam do curso preparatório. Rodrigo Cariri e Paulo Santana afirmam que, há 20 dias, estão com os alunos oito horas por dia, cinco dias por semana, totalizando 40 horas semanais de trabalho.
O professor Valdir Francisco Odorizzi também já começou a trabalhar. Ele é o tutor indicado pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) para dar suporte aos médicos estrangeiros que vão atender no estado. Segundo Odorizzi, já há uma sala reservada no campus para as aulas presenciais que pretende dar aos futuros colegas ao menos uma vez por mês.
O orientador diz, ainda, que pretende escrever uma cartilha detalhada sobre a saúde no interior do Tocantins. “Em Cuba não há cobras. E o médico que for atuar no Jalapão, por exemplo, vai ter contato com acidentes envolvendo cobras. Se ele não souber tratar, a pessoa pode ter problemas graves”, afirma o professor, que faz uma ressalva: “Só vou tutorar e supervisionar médicos que tenham registro.”
Em Mato Grosso do Sul, a professora Estanislaa Petrona Yarzon Ortiz terá a responsabilidade de tutorar oito brasileiros e dois estrangeiros. “Será tranquilo. Já participei de quatro reuniões em Brasília, onde o treinamento é oferecido. Vamos organizar uma boa acolhida e acompanhar tudo de perto.”
(Com Estadão Conteúdo)