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Três novos testes sorológicos para a Covid-19 têm eficácia validada

Métodos foram desenvolvidos por pesquisadores da USP e podem, no futuro, diferenciar se o anticorpo foi induzido pela vacinação ou pela infecção

Por Agência Fapesp*
9 ago 2022, 19h30
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  • Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) atestaram a eficácia de três novos testes sorológicos para a Covid-19. Desenvolvidos no próprio ICB, os testes usam o método ELISA (ensaio de imunoabsorção enzimática) para a detecção dos anticorpos contra o vírus SARS-CoV-2 e tiveram sua eficácia comparada com outro teste já em uso no mercado, o Elecsys, da farmacêutica Roche.

    Publicado na revista Frontiers in Cellular and Infection Microbiology, o trabalho contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e foi realizado com base em 1.119 amostras sanguíneas de pessoas que tiveram ou não contato com a doença. A testagem foi conduzida no Hospital Universitário (HU) da USP ao longo do ano de 2020 e, portanto, mostra um cenário ainda sem vacinas.

    Na avaliação, o teste Elecsys, comercializado pela farmacêutica Roche, garantiu 96,92% de sensibilidade (capacidade de detectar casos positivos) e 98,78% de especificidade (capacidade de identificar casos negativos). O desempenho dos métodos desenvolvidos no ICB foi aproximado. O teste N-ELISA, que avalia uma proteína N completa do coronavírus, registrou 93,94% de sensibilidade e 94,40% de especificidade. Já o teste RBD-ELISA, que utiliza um fragmento da proteína spike do coronavírus, obteve 90,91% e 88,80% de eficácia nesses dois critérios, respectivamente, enquanto o Delta-S1-ELISA, que utiliza um outro fragmento da spike, apontou uma sensibilidade de 77,27% e uma especificidade de 76%.

    “Obtivemos resultados tão bons com o teste N-ELISA que conseguimos imaginá-lo sendo utilizado comercialmente no futuro. Por adotar uma proteína que é utilizada comercialmente, diferente dos nossos outros dois testes, o caminho é potencialmente menos longo”, destaca Robert Andreata-Santos, doutor em microbiologia e primeiro autor do estudo.

    Além disso, os testes RBD-ELISA e N-ELISA talvez possam, no futuro, ser usados para diferenciar se o anticorpo foi induzido pela vacinação ou pela infecção. “Ser eficaz na detecção de anticorpos contra a proteína RBD, que está presente em todas as formulações vacinais atuais, como também contra a proteína N, relacionada com casos de exposição ao coronavírus, indica que em estudos futuros haverá a possibilidade de diferenciar anticorpos produzidos contra a vacina ou contra a infecção quando utilizados ambos os testes”, afirma Andreata-Santos.

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    Padrão-ouro de análise

    Todos os exames foram validados contra o próprio coronavírus por meio do teste de neutralização, considerado o padrão-ouro para esse tipo de análise. O soro sanguíneo foi aplicado no teste para distinguir quais amostras neutralizavam e quais amostras não neutralizavam o SARS-CoV-2, sendo que as amostras neutralizadas eram consideradas positivas para Covid-19. Em seguida, esses resultados foram comparados com os resultados dos testes ELISA.

    O teste de neutralização, que requer um laboratório com alto nível de biossegurança por envolver manipulação viral, tem sensibilidades e especificidades elevadas, já que é capaz de calcular a carga de anticorpos neutralizantes do paciente. “Além disso, como o SARS-CoV-2 foi neutralizado, a possibilidade de os anticorpos criados em virtude da infecção pelo coronavírus ou por outro patógeno apresentarem reação cruzada é extremamente reduzida”, complementa Andreata-Santos.

    O método também é capaz de identificar se um anticorpo é neutralizante (pode impedir novas infecções) ou se é um anticorpo apenas de ligação (só reconhece uma região do vírus). Dessa forma, a metodologia elimina quase todas as dúvidas que possam surgir a respeito dos dados de eficácia dos testes ELISA.

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    O estudo foi conduzido no âmbito do Projeto Temático “Descoberta de antígenos e desenvolvimento de métodos de diagnóstico sorológico e estratégias vacinais contra o Vírus Zika (ZIKV)”, coordenado por Luis Carlos de Souza Ferreira. Contou com a colaboração de Paulo Margarido (HU-USP), Ricardo Fock (HU-USP) e Juliana Bannwart na coleta do soro e avaliação das amostras por Elecsys, além de grupos de pesquisadores coordenados por Edison Luiz Durigon, Silvia Beatriz Boscardin e Cristiane Rodrigues Guzzo – todos do ICB-USP.

    O projeto também contou com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

    * Com informações da Assessoria de Comunicação do ICB-USP

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