Inverno: Revista em casa por 8,98/semana

Retenção de receita para ‘canetas emagrecedoras’ começa nesta segunda, 23

Decisão da Anvisa visa coibir automedicação e uso indiscriminado

Por Luiz Paulo Souza Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 23 jun 2025, 09h33 - Publicado em 23 jun 2025, 09h29

Começa a valer nesta segunda-feira, 23, a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que determina a retenção de receita para os agonistas de GLP-1, categoria da qual fazem parte medicamentos como o Ozempic, o Wegovy e o Mounjaro. A medida visa aumentar o controle sobre a venda e coibir a automedicação e o uso indiscriminado. 

A decisão foi publicada há dois meses, no dia 23 de abril, e inclui as drogas semaglutida, liraglutida, dulaglutida, tirzepatida e lixisenatida na mesma categoria dos antibióticos, exigindo receita controlada e necessidade de novas consultas para renovar a prescrição.

+ LEIA TAMBÉM: Anvisa passa a exigir receita controlada para venda de medicamentos como Ozempic e Mounjaro

“A presente proposta regulatória está alinhada à missão da Anvisa de proteção da saúde da população, num contexto em que o próprio mercado, por iniciativas próprias e articuladas, não conseguiu dispor de meios para mitigar o uso irracional desses produtos frente a notificações recebidas e manifestações de todas as associações médicas registradas no presente processo”, disse o diretor da Anvisa, Daniel Pereira, ao seguir o relator em seu voto. 

Ponderações

Até agora, a venda só poderia ser feita mediante prescrição comum, mas a medida da Anvisa decorreu de um pedido de entidades médicas frente ao uso indiscriminado desses medicamentos. 

Apesar da maior regulação ser considerada bem vinda por especialistas, eles afirmam que é preciso que isso seja feito com cuidado, já que pessoas com diabetes e obesidade precisam fazer o tratamento a longo prazo. Um controle muito rígido e restrito poderia dificultar a aquisição da droga, atrapalhando a continuidade terapêutica.

Continua após a publicidade

+ LEIA TAMBÉM: Mounjaro e Ozempic manipulados: entenda os riscos

Em comunicado publicado logo após a decisão da Anvisa, a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) disse que a medida não resolve a raiz do problema. Sem citar a automedicação e o uso indiscriminado, a entidade afirma que “a retenção de receitas, por si só, não resolverá o crescente mercado paralelo de manipulação dos análogos de GLP-1”. 

Segundo um levantamento realizado pelo grupo, entre fevereiro de 2023 e janeiro de 2025, 17,83 quilogramas de semaglutida (princípio ativo do Ozempic e do Wegovy) foram adquiridos por importadoras e farmácias de manipulação, quantidade que seria suficiente para manipular aproximadamente 4 milhões de canetas irregulares. Já a tirzepartida, encontrada no Mounjaro, teve mais 10 quilogramas de importação registrados, o que seria o equivalente para manipular mais de 2 milhões de aplicadores. 

Grande evolução

Os agonistas de GLP-1 são considerados uma revolução no tratamento para diabetes e obesidade. Embora a primeira já conte com uma diversidade de classes medicamentosas, a última tem poucas drogas efetivas a disposição dos pacientes. 

Continua após a publicidade

Os resultados têm mesmo chamado atenção – além de diminuir o índice glicêmico e a resistência a insulina, dois fatores essenciais para o tratamento da diabetes, as drogas levam a perdas de peso que ficam entre 10% e 30%. 

Para fazer isso, os chamados agonistas do GLP-1 agem sobre receptores hormonais relacionados à saciedade,o que promove diminuição do apetite e aumento da ação da insulina. As drogas também tem se mostrado efetivas em promover uma melhora da síndrome metabólica, com efeito, inclusive, sobre o risco de eventos cardiovasculares. 

E, ao que parece, a inovação está só começando. Além da chegada ao Brasil da tirzepatida, medicamento capaz de agir sobre dois receptores hormonais (GLP-1 e GIP), com um efeito maior que os anteriores, diversas outras formulações estão sendo desenvolvidas. E isso ficou evidente na reunião anual da Sociedade Americana de Diabetes (ADA), que ocorre em Chicago desde a última sexta, 20.

Apenas nesses três dias, ao menos três promessas importantes foram apresentadas: uma dose ainda mais potente do Wegovy, uma nova droga que age sobre os receptores sem provocar resistência a longo prazo e a incorporação de uma nova molécula capaz de potencializar o efeito da semaglutida. Uma droga capaz de atuar em três alvos diferentes também está em fases avançadas dos estudos clínicos. 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 9,90/mês*
OFERTA DE INVERNO

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada edição sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.