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Ressaca nunca mais: cientista cria álcool sintético sem efeitos colaterais

O produto ainda promete evitar os riscos de saúde, como doenças hepáticas. Segundo a equipe, ele deve estar disponível dentro de cinco anos

Por Redação
Atualizado em 27 mar 2019, 18h12 - Publicado em 27 mar 2019, 17h45

Imagine poder beber sem sofrer com a ressaca no dia seguinte. O que parecia apenas um desejo dos apaixonados por bebidas alcoólicas pode se tornar realidade em breve. Isso porque um pesquisador inglês desenvolveu um álcool sintético capaz de fornecer sensações semelhantes à versão convencional, mas sem os efeitos colaterais desagradáveis, incluindo a ressaca e a toxicidade que aumenta os riscos de doenças como cirrose e câncer de fígado. Outro benefício oferecido pela substância é a manutenção do controle, uma vez que os efeitos do álcool sintético devem desaparecer após 45 minutos.

Especialistas acreditam que o novo produto é uma alternativa para a nova geração que está mais envolvida no consumo consciente e saudável. “Eles [os jovens] não aparecem no Instagram bêbados; o chefe pode ver. [Portanto,] algo que controlaria automaticamente a bebida seria muito atraente”, disse Jonny Forsyth, da Mintel, empresa britânica de pesquisa de mercado, ao The Guardian.

Segundo David Nutt, líder do estudo, o álcool sintético deve estar disponível para comercialização dentro de cinco anos. 

A descoberta

O caminho para chegar até o álcool sintético teve início em 1983 quando o pesquisador descobriu um antídoto para os efeitos negativos da embriaguez. Essa descoberta foi feita enquanto Nutt estudava as consequências do álcool no sistema gaba – neurotransmissor responsável pelo relaxamento. A ingestão de bebidas alcoólicas estimula esse receptor, o que acalma o cérebro e, consequentemente, estimula menos neurônios. Na época, sua pequisa mostrou que era possível bloquear esses receptores para manter a sobriedade – pelo menos em ratos.

Entretanto, o antídoto mostrou-se perigoso, já que se fosse ingerido quando sóbrio, o indivíduo poderia sofrer convulsões semelhantes às provocadas pela abstinência de álcool. Portanto, era preciso solucionar esse problema. Outra preocupação do pesquisador era evitar os efeitos danosos à saúde relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas. Ou seja, havia um longo caminho pela frente.

Além disso, faltava ainda descobrir os 15 subtipos diferentes de receptores de gaba afetados pelo álcool. Quando isso aconteceu, o estudioso notou que a única forma de garantir os resultados esperados – controlar a embriaguez e a ressaca – era estimular apenas alguns neurotransmissores envolvidos nos efeitos do consumo de álcool. “Sabemos onde no cérebro o álcool tem seus efeitos ‘bons’ e ‘ruins’, e quais receptores em particular mediam isso”, explicou Nutt ao The Guardian

Todos esses achados levaram à produção da molécula Alcosynth, como foi nomeada.

No entanto, apesar de estimular apenas as partes do cérebro associadas às boas sensações, não é possível ignorar que o álcool causa problemas em diversas áreas do corpo, principalmente no fígado. Isso porque ao metabolizar o álcool, o órgão produz acetaldeído cancerígeno. Portanto, se consumido com frequência, pode aumentar o risco de diversos cânceres (boca, garganta, fígado e mama), doenças cardiovasculares (acidente vascular cerebral e doenças cardíacas) e danos ao fígado, cérebro e sistema nervoso. 

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Por causa disso, os pesquisadores se debruçaram sobre várias possibilidades para evitar esses danos. E parecem ter conseguido, pelo menos na teoria. “Precisamos mostrar que é diferente [da versão tradicional]. Vamos demonstrar que não produz toxicidade como o álcool”, assegurou Nutt.

Regulamentação e Comercialização

Embora o produto pareça promissor, ainda é preciso ser regulamentado por órgãos de saúde do Reino Unido e, posteriormente, por outras organizações ao redor do mundo. Mas essa aprovação só será possível se eles conseguirem criar um produto completo, desde a molécula inovadora até a garrafa que deve abrigar a bebida alcoólica. E esse parece ser o grande desafio do momento. “Encontrar a molécula certa foi mais desafiador, mas o verdadeiro desafio é levar essa molécula a uma bebida”, revelou Nutt. Até agora a substância só foi testado em sucos. 

Outra questão a ser resolvida: não houve testes oficiais, apenas os próprios criadores experimentaram a molécula. Desta forma, testes clínicos de larga escala precisam ser aplicados para confirmar a eficácia e segurança do produto. Uma vez que todos esses critérios sejam validados, o produto deve ser submetido à aprovação.

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Se aprovado, o próximo passo é a comercialização. O plano dos pesquisadores é vender a Alcarelle (nome comercial da molécula) para empresas do setor de bebidas. O objetivo é garantir que os consumidores possam manter suas preferências por marcas ao invés de precisarem escolher entre uma versão saudável e o velho modelo. “A indústria está cada vez mais investindo em alternativas de álcool porque sabem que as pessoas estão bebendo menos [álcool], e essa é uma tendência que vai continuar”, destacou Forsyth. 

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