Cientistas da Universidade Carolina do Norte, em Chapel Hill, nos Estados Unidos, estão testando uma nova forma de utilização do remdesivir para tratar a Covid-19. Atualmente, o medicamento é administrado via intravenosa em pacientes hospitalizados com a doença. Mas, por meio de testes de laboratório com camundongos, os pesquisadores verificaram que se administrado da forma oral, o fármaco é tão eficaz quanto o molnupiravir, outro antiviral oral para tratamento da Covid-19.
O estudo, revisado por pares e publicado na revista médica Science Translational Medicine, também aponta que o composto do medicamento pode ser adaptado em uma pílula projetada para interromper o coronavírus antes que se multiplique e cause doenças graves. “Uma versão oral pode estender seu alcance e benefícios para pacientes fora do hospital” disse o autor sênior do estudo Timothy Sheahan, virologista da UNC Gillings School of Global Public Health. “Os medicamentos antivirais orais têm o potencial de encurtar a duração da doença, diminuir a transmissão e prevenir a hospitalização desde que sejam tomados no início”, acrescentou.
A ação do remdesivir é bloquear o mecanismo de replicação viral, quando o vírus começa a produzir cópias de si mesmo e se espalhar pelo corpo. O composto testado na UNC-Chapel Hill é uma droga chamada GS-621763 que, dentro do organismo, pode se transformar rapidamente em remdesivir.
Nos testes, foi altamente eficaz contra o SARS-CoV-2, vírus que causa a Covid-19, e contra o MERS-CoV, um vírus relacionado que provoca a chamada Síndrome Respiratória do Oriente Médio. “Vimos efeitos protetores, como danos pulmonares reduzidos, carga viral nos pulmões e função pulmonar melhorada em camundongos infectados, quando administramos a droga 12 horas ou 24 horas após a infecção”, relatou a principal autora do estudo, Alexandra Schäfer, professora assistente de epidemiologia na UNC Gillings School of Global Public Health.
No início de 2020, o virologista da UNC-Chapel Hill, Ralph Baric, e a empresa Gilead Sciences Inc. identificaram o remdesivir como um potencial tratamento para a Covid-19. Por quase dois anos, o remdesivir tem sido usado em hospitais para tratar pacientes graves. Embora a droga tenha mostrado resultados mistos em estudos clínicos, tem sido surpreendentemente eficaz no tratamento de pacientes no início da doença, conseguindo reduzir o risco de morte e internações em 87% dos casos.
Segundo os pesquisadores, são necessários estudos adicionais sobre a segurança e eficácia do composto, mas essa nova pesquisa abre as portas para o remdesivir ocupar um lugar importante entre o número crescente de opções de tratamento oral para a Covid-19. “Os medicamentos orais que podem ser formulados como pílulas têm potencial para causar um grande impacto na redução de doenças causadas pela pandemia”, disse David R. Martinez, imunologista viral e pesquisador de pós-doutorado na UNC Gillings School of Global Public Health. “As pessoas podem tomar com segurança uma rodada de pílulas em casa enquanto estão isoladas e reduzir a propagação do vírus na comunidade”.
Abaixo, os números da vacinação no Brasil: