Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Quimioterapia em spray é nova estratégia contra o câncer

Dez pacientes com câncer no peritônio já receberam a terapia por meio de aerossol no Brasil; estratégia é alternativa na luta contra a doença

Por Natalia Cuminale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 19 nov 2018, 17h30 - Publicado em 19 nov 2018, 16h20

Um procedimento experimental contra o câncer pode ser uma nova aposta para o tratamento da doença. A técnica consiste em “borrifar” a quimioterapia diretamente no tumor, como um aerossol. A quimioterapia em spray é realizada por meio de uma cirurgia minimamente invasiva e causa menos efeitos colaterais ao paciente, já que age somente no local do tumor – e não é injetada diretamente na corrente sanguínea, quando ataca as células saudáveis. Por enquanto, a abordagem é indicada somente para o tratamento de pessoas com um tipo raro de câncer, o de peritônio, uma membrana que reveste a parte interna da cavidade abdominal e os órgãos como o estômago, intestino, bexiga e útero.

“Até o início dos anos 80 não havia qualquer expectativa de cura para o paciente com carcinomatose peritoneal que, na maioria dos casos, evoluía para o óbito em decorrência de complicações como a obstrução intestinal”, explica Arnaldo Urbano Ruiz, cirurgião oncológico do Hospital BP Mirante, em São Paulo. “Hoje, com o surgimento de outras técnicas, temos visto uma mudança, com possibilidades de aumento de sobrevida e melhor qualidade de vida”, completa.

 

 

Esse tipo de câncer evolui de forma silenciosa. Isso porque os sintomas são inespecíficos e difíceis de identificar. Quando os sinais tornam-se mais evidentes, geralmente, a doença já está em estágio avançado. Os principais sintomas são dores e inchaço no abdômen, que ocorre devido ao acúmulo de líquido no local.

O tratamento

O novo procedimento é conhecido como Pipac e pode ajudar cerca de 20% dos pacientes com esse tipo de tumor. Antes da aplicação da terapia, o doente precisa passar por algumas etapas. Primeiro, é submetido a laparoscopia, uma cirurgia minimamente invasiva em que o médico acessa a cavidade abdominal a partir do uso de pinças. O segundo passo é a retirada de um fragmento do tumor para a realização de biópsia. O material é analisado para que seja determinado em qual estágio o tumor está. Os médicos então aplicam o spray do quimioterápico diretamente no tumor. Ele penetra mais profundamente nos tecidos, agindo nas células tumorais. O Pipac tem o potencial de reduzir o tamanho do tumor. Além de melhorar a qualidade de vida, o procedimento pode abrir caminho para que o paciente faça uma cirurgia radical no futuro.

“Antigamente, esses pacientes seriam submetidos a uma quimioterapia paliativa e sem chances de melhora. A nova estratégia é uma alternativa para eles”, diz o cirurgião Arnaldo Urbano Ruiz

O Brasil tem entre 15.000 e 20.000 novos casos por ano. A carcinomatose peritoneal não é exatamente um tumor. “Na realidade, trata-se da disseminação de um tumor que normalmente nasce em outro órgão do corpo — e não necessariamente na região do abdome, na cavidade peritoneal”, aponta Ruiz. Geralmente, os casos mais comuns de carcinoma peritoneal ocorrem a partir de um tumor primário de ovário, apêndice, intestino, pâncreas ou estômago. Até agora, cerca de 10 pacientes já se beneficiaram da técnica no Brasil. O procedimento começou a ser realizado em 2017, em Porto Alegre.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.