A Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora norte-americana, aprovou o primeiro medicamento com potencial de retardar a diabetes tipo 1 em adultos e crianças com mais de 8 anos nesta quinta-feira, 17. O remédio é voltado para pacientes com o estágio 3 da doença e, no caso do grupo pediátrico, em estágio 2.
O remédio aprovado foi o Tzield (teplizumab-mzwv), da farmacêutica Provention Bio, injeção intravenosa que deve ser administrada uma vez ao dia pelo período de 14 dias sem interrupções. Na doença, geralmente diagnosticada ainda na infância ou em jovens, o sistema imunológico destrói as células produtoras de insulina, o hormônio que controla os níveis de glicose no sangue. As pessoas diagnosticadas com diabetes tipo 1 têm elevação da glicose, que precisa ser nivelada com injeções do hormônio. Também necessitam verificar o índice de açúcar no sangue e ter uma dieta regrada. O medicamento desativa essas células de defesa e, ao mesmo tempo, aumenta as células moderadoras de respostas imunes.
Em ensaios clínicos, 45% dos 44 voluntários que receberam a infusão intravenosa foram diagnosticados com diabetes tipo 1 em estágio 3. No grupo placebo, com 32 participantes, o índice foi de 72%. A medicação tem efeitos colaterais como diminuição dos níveis dos linfócitos, erupções na pele e dor de cabeça.
“A aprovação de uma terapia de primeira classe adiciona uma nova opção de tratamento importante para certos pacientes de risco”, disse, em nota, John Sharretts, diretor da Divisão de Diabetes, Distúrbios Lipídicos e Obesidade no Centro de Avaliação de Medicamentos e Pesquisa da FDA. “O potencial da droga para atrasar o diagnóstico clínico de diabetes tipo 1 pode proporcionar aos pacientes meses a anos sem o fardo da doença”, completou.
O preço do tratamento pode ser um entrave para os pacientes. De acordo com a Reuters, a Provention Bio fixou o preço do frasco em 13.850 dólares (aproximadamente 74.400 reais), de modo que o ciclo de 14 dias chegaria a 193.900 dólares (mais de 1 milhão de reais) – esse não seria necessariamente o valor pago pelos pacientes .
No Brasil, onde a doença engloba 5% a 10% dos pacientes com diabetes, a notícia da liberação do medicamento foi celebrada. “O atraso no diagnóstico pode ser precioso para pacientes e seus familiares, pela alta carga de trabalho e preocupação que a diabetes tipo 1 representa para essas famílias”, afirma Melanie Rodacki, membro da comissão científica da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).