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Primeiro medicamento com tripla ação para DPOC chega ao Brasil

Doença pulmonar obstrutiva crônica é o quarto motivo de internações em hospitais públicos no país e a terceira principal causa de morte no mundo

Por Ana Carolina Pereira, de Abril Branded Content
Atualizado em 14 jul 2022, 10h39 - Publicado em 24 ago 2020, 15h00

Tosse, pigarro, catarro e dificuldades para respirar. Esses sintomas são, na maioria das vezes, relativizados por quem fuma, mas podem ser sinais de uma enfermidade progressiva, incapacitante e fatal: a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) – antigamente chamada de bronquite crônica e enfisema pulmonar – um sério problema de saúde pública que não tem recebido a devida atenção. Somente no Brasil, existem mais de 6 milhões de pacientes com a doença, sendo que o País está entre os que tem maior número de casos, juntamente com a China, Índia e Estados Unidos5.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a DPOC será a terceira principal causa de mortes no mundo até o final de 2020.1 Estima-se também que, ainda em 2020, a doença ocupe a quinta posição no ranking do Disability-Adjusted Life Year (DALY) – que soma os anos perdidos por mortes prematuras e os anos vividos com incapacidade. Em 1990, a doença ocupava o 12º lugar.2 Além da questão física, o peso psicossocial da doença não é pequeno: 23% dos portadores de DPOC consideram-se inválidos em função de seus problemas respiratórios e têm medo de sair de casa.2

A DPOC também causa severos impactos na economia. Segundo estudo realizado pelo Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF), em 2004, a doença promovia, para os planos de saúde, um gasto 2,5 vezes maior em pacintes com DPOC do que com os pacientes sem  a doença, e as consultas médicas e atendimentos em pronto-socorro respondiam por 17,3% dos custos diretos com a patologia.2 Hoje, no Brasil, a DPOC já é a quarta causa de internação no Sistema Único de Saúde (SUS)3. Para se ter ideia, em 2018, foram mais de 110.000 internações, 8.000 mortes e custo de mais de 100 milhões de reais aos cofres públicos.4

Apesar de grave, a doença nem sempre recebe a devida atenção – de acordo com relatório divulgado em 2019 pelo Projeto Latino-Americano de Investigação em Obstrução Pulmonar (Platino), cerca de 80% das pessoas nem sabem que têm DPOC, sendo que apenas 12% dos pacientes recebem o diagnóstico e 18% seguem o que foi prescrito pelo médico.5

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Todos esses problemas são potencializados por conta da dificuldade de adesão ao tratamento, já que para reduzir a progressão da doença são usados broncodilatadores por via inalatória, as famosas “bombinhas”, e, em casos mais avançados, um corticoide associado. “Muitos pacientes, em sua maioria idosos, enfrentam dificuldades em aderir ao tratamento, pois recebem a prescrição de dois ou três diferentes dispositivos inalatórios (bombinhas), resultando em uso de forma incorreta dos dispositivos, o que reduz a eficácia do tratamento”,  afirma Dr. José Eduardo Delfini Cançado, professor de Pneumologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. 

Com intuito de trazer uma solução que impacte positivamente nesse cenário, a farmacêutica Chiesi traz para o Brasil um novo medicamento para DPOC, em dispositivo único inalatório. “Este medicamento é um grande avanço para a medicina respiratória, pois, além de simplificar o tratamento e contribuir para a adesão do paciente, também apresenta inovação por conter partículas extrafinas, que atingem as áreas mais periféricas do pulmão, proporcionando maior efeito com menor dose de cada medicamento e reduzindo assim, os efeitos colaterais”, ressalta o médico.

A doença

A DPOC consiste em uma doença respiratória crônica caracterizada pela obstrução dos brônquios, associada a uma inflamação das vias aéreas, causada por inalação de partículas e gases nocivos. O início da doença costuma ser silencioso, com pequenos episódios de dispneia (falta de ar) ao realizar tarefas simples e tosse acompanhada de pigarro, e é exatamente nesse silêncio que mora o problema. 

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Apesar de estar muito associada ao tabagismo, a doença também pode ter outras causas, como exposição à fumaça de lenha, produtos tóxicos, poeira e poluição, além de histórico familiar. “Em geral, existe um sub-diagnóstico, porque o fumante atribui os sintomas de tosse, catarro, pigarro e cansaço ao hábito de fumar e não a uma doença desencadeada pelo cigarro”, explica Dr. Cançado. 

O especialista conta que a DPOC é uma doença progressiva e irreversível que gera a diminuição da capacidade pulmonar e tira a qualidade de vida do paciente. Diferentemente da asma, que permite que o paciente fique livre de sintomas quando não está em crise, a DPOC tem potencial altamente incapacitante devido aos sintomas serem constantes, o que pode deixar o indivíduo dependente do uso de oxigênio e oferecer outros riscos, como doenças cardiovasculares, osteoporose, câncer e depressão.

“Com o tempo os sintomas de tosse, catarro, cansaço e falta de ar se intensificam piorando a qualidade de vida e desencadeando exacerbações frequentes (crises de falta de ar), o que leva os pacientes recorrentemente a procurar o pronto socorro. Muitas vezes acabam necessitando de internação hospitalar, gerando um impacto social e econômico muito grande sobre o sistema de saúde”, afirma.

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Assim, o recomendado é fazer exames de rotina com um pneumologista todo ano, principalmente a partir dos 50 anos de idade. E, claro, consultar um médico ao apresentar qualquer sintoma respiratório, por mais brando que pareça.

 Diagnóstico

É por meio de um exame chamado espirometria ou teste de função pulmonar, exame no qual o indivíduo assopra em um aparelho que mede a capacidade pulmonar, que a DPOC é detectada. Apesar de não ter cura, a DPOC tem tratamento. E, quanto antes for iniciado, mais eficaz ele é, reduzindo assim a velocidade de progressão da doença.

Outro foco importante no tratamento da DPOC é evitar as crises de exacerbação. Clinicamente caracterizadas por uma repentina piora de dispneia, tosse, produção de escarro e obstrução do fluxo respiratório, elas aumentam a velocidade da progressão da doença, piorando a qualidade de vida e elevando o risco de morte, sendo necessária, na maioria dos casos, a internação para controle dos sintomas. “É importante no tratamento da DPOC que o paciente pare de fumar e de se expor a outros tipos de poluição do ar. Além disso, deve-se manter a prática de exercícios físicos regulares e a vacinação em dia contra a gripe e o pneumococo para assim prevenir as infecções que frequentemente desencadeiam as exacerbações”, ressalta o especialista.

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Além dessas medidas, o tratamento da DPOC é feito com o uso de broncodilatadores, para reduzir a obstrução e melhorar a capacidade pulmonar, associados ou não a um corticoide (anti-inflamatório), na dependência da gravidade dos sintomas e das crises de exacerbação. “Esses medicamentos sempre devem ser usados por via inalatória, através de dispositivos inalatórios, as chamadas “bombinhas”. Isso porque a dose dos medicamentos inalatórios é muito menor do que os orais, porém como são administrados diretamente nas vias aéreas, o efeito local é maior e os efeitos adversos são menores”, finaliza o médico.

REFERÊNCIAS

[1] World Health Organization. https://www.who.int/gard/publications/chronic_respiratory_diseases.pdf.

[2] CAMPOS, Hisbello. Asma e DPOC: vida e morte. Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF). Rio de Janeiro, RJ.

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[3] DATASUS. Disponível em: tabnet.datasus.gov.br; acesso em 18 de Junho de 2020).

[4] DATASUS. tabnet.datasus.gov.br.

[5] Projeto Latino-Americano de Investigação em Obstrução Pulmonar. https://www.platino-alat.org/brasil.html.


 

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