Na segunda-feira, 7, a Anvisa recebeu a notificação do primeiro caso de infecção por Candida auris no Brasil. Trata-se de um paciente adulto internado na UTI de um hospital na Bahia. A C. auris é um superfungo, que representa uma grave ameaça à saúde global.
Segundo informações do jornal americano The New York Times, ele infecta pessoas com o sistema imunológico enfraquecido e pacientes internados em hospitais, e se instala rapidamente nos lugares mais inusitados. Nos últimos anos, casos foram identificados em mais de 30 países, em todos os continentes.
O Candida auris foi identificado pela primeira vez em 2009, mas dados retrospectivos mostram infecções em 1996, na Coreia do Sul. Em março de 2017, a Anvisa publicou um comunicado de risco com orientações para o manejo e identificação de casos suspeitos, assim como medidas de prevenção e controle de infecções causadas pela Candida auris. Desde então, os laboratórios de uma rede nacional específica, montada para suporte à identificação do fungo vêm analisando amostras suspeitas, encaminhadas pelos estados. Mas nenhum caso havia sido confirmado no país.
O diagnóstico recente foi feito pelo Laboratório Central de Saúde Pública Prof. Gonçalo Moniz – Lacen/BA e pelo Laboratório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – HCFMUSP. A identificação do superfungo requer métodos laboratoriais específicos, uma vez que a C. auris pode ser facilmente confundida com outras espécies.
O fungo pode causar infecções da corrente sanguínea, originárias de machucados e de ouvido. Os sintomas são comuns e incluem febre, dores e fadiga. Mas podem levar a morte se não tratada, principalmente se o paciente já estiver com outros problemas de saúde.
O tratamento é a principal preocupação das autoridades. Embora a maioria dos casos possa ser tratada com medicamentos chamados echinocandins, algumas já adquiriram resistência a muitos remédios antifúngicos. Nesses casos, é necessário aumentar a dose e usar várias medicações diferentes.
Em ambientes de saúde, o fungo se espalha de pessoa para pessoa ou por equipamentos e superfícies contaminadas. Sobre a letalidade, ainda não se sabe se ela é mais letal do que outros tipos de Candida, já que a maioria dos pacientes apresenta condições graves de saúde.
Para acompanhar o caso e prevenir a disseminação de C. auris no país, foi organizada uma força-tarefa nacional composta por representantes de serviços de saúde e vigilância da Bahia, representantes do Ministério da Saúde, representantes da Anvisa e de laboratórios da rede nacional para identificação de C. auris.