O evento virtual realizado dia 15 de dezembro reuniu médicos, cientistas e profissionais de saúde de diferentes instituições do país para conhecer projetos que contribuíram para aprimorar a rede de atenção e os cuidados com os pacientes. Ainda no cenário da pandemia e da busca por medidas para combatê-la, não faltaram pesquisas, intervenções e tecnologias em prol da prevenção, diagnóstico e tratamento de outras doenças. “O Prêmio Dasa de Inovação foi criado para reconhecer e fomentar o desenvolvimento da ciência e da medicina brasileira”, diz Emerson Gasparetto, diretor-geral de Negócios Hospitalares e Oncologia na Dasa. “Para nós, inovação é um tema matricial e uma premissa na aplicação e desenvolvimento de soluções para melhorar a saúde da população”, continua.
Um júri técnico e científico analisou os projetos indicados à premiação, levando em conta critérios como o potencial disruptivo, o impacto, a abrangência, a aplicabilidade e o uso de tecnologia.
Para contemplar as diferentes especialidades, a premiação recebeu trabalhos em seis categorias – este ano abrindo espaço para as startups em Inovação em Healthtech. “Assim, damos voz também aos empreendedores da área da saúde, que nos mostram diariamente como é possível inovar de forma ágil, humana e respondendo a dores comuns à sociedade”, justifica Gasparetto.
Na nova categoria, o troféu foi entregue à Brain4care, startup que desenvolveu um dispositivo portátil capaz de medir a pressão dentro do crânio em tempo real de forma não invasiva. A medida é usada para verificar se o cérebro corre risco em situações como hidrocefalia, AVC ou meningite.
Em Medicina Diagnóstica, o destaque foi um teste rápido para detectar a hanseníase. Feito a partir de amostra de sangue, o exame foi elaborado numa parceria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O método abre a possibilidade de fazer triagens em áreas endêmicas, diagnosticando a doença antes do aparecimento de lesões e ajudando a conter a transmissibilidade.
Uma técnica pioneira de fazer o sequenciamento do coronavírus diretamente a partir de seu RNA levou o prêmio em Genômica. A inovação, que faz uma leitura mais apurada do genoma do Sars-CoV-2, com resolução cerca de 25 vezes maior que a do método usual, foi feita pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Além de ajudar a revelar as variantes do coronavírus, o sequenciamento direto do RNA pode contribuir para o desenvolvimento de novos tratamentos para covid-19.
Ainda no âmbito da pandemia, uma frente de investigações da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), do Centro Androsciense e do Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP) descobriu alterações provocadas pela infecção nos testículos. Os achados levam os pesquisadores premiados em Prevenção e Promoção à Saúde a alertar sobre a necessidade de acompanhar mais de perto homens que tiveram a doença para avaliar seus efeitos na saúde sexual e reprodutiva.
Já a categoria Medicina Social premiou o sistema de automação de distribuição de medicamentos criado pelo Instituto de Radiologia (Inrad-HC/FMUSP) e pela Escola Politécnica (Poli/USP). Baseado em algoritmos de inteligência artificial, ele se mostrou capaz de otimizar a cadeia de suprimentos, fazendo previsões adequadas de forma a evitar riscos de desabastecimento ou desperdício de remédios – e tem potencial para ser replicado em todos os níveis do Sistema Único de Saúde (SUS).
E vem da Universidade Federal do Ceará, junto do Centro Especializado en Cirugía Mamaria y Cirugía Transgénero, da Colômbia, o trabalho vencedor em Tratamento: uma técnica original com o uso de pele de tilápia na reconstrução vaginal de quem nasceu com canal vaginal curto, inexistente ou em procedimentos de redesignação sexual de mulheres trans.
“As iniciativas avaliadas na premiação são reflexos da ciência de ponta produzida em nosso país. Reconhecer quem manteve suas pesquisas em meio à pandemia é nossa forma de agradecer por esse compromisso com a medicina de qualidade, com a vida e a saúde do povo brasileiro”, conclui o executivo.
“A quarta edição do prêmio confirma sua vocação de revelar e prestigiar profissionais e instituições que se esforçam, mesmo em um contexto nem sempre favorável, para pensar fora da caixa, criar saídas inteligentes e contribuir para o avanço da ciência e a saúde dos brasileiros”, diz Diogo Sponchiato, redator-chefe de VEJA SAÚDE, que faz a curadoria da premiação.