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Preguiça faz bem à saúde, afirma a ciência

As pessoas preguiçosas costumam ser mais criativas e (acredite) eficientes

Por Redação
Atualizado em 6 nov 2019, 14h30 - Publicado em 5 nov 2019, 14h55
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  • Você se sente culpado quando tem alguma tarefa para fazer, mas prefere ficar deitado na cama ou no sofá, assistindo Netflix? A sua preguiça pode até ser malvista pelas outras pessoas, mas a ciência indica que não fazer nada de vez em quando, na verdade, faz bem à saúde física e mental. Acredite se quiser: a preguiça também pode servir de estímulo para a criatividade e até mesmo para aumentar a eficiência.

    O criador da Microsoft, Bill Gates, por exemplo, já disse que escolheria uma pessoa preguiçosa para fazer um trabalho difícil, pois ela descobriria o jeito mais rápido de fazê-lo. “Pessoas preguiçosas deveriam ser mais valorizadas. Nós encontramos o caminho mais eficiente para a linha de chegada, não perdemos o nosso tempo pegando o caminho mais pedregoso”, comentou Lucy Gransbury, uma atriz australiana que se autointitula preguiçosa e sente muito orgulho disso. 

    O que diz a ciência?

    A ciência também concorda. O pesquisador Masud Husain, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, analisou as reações e o cérebro de pessoas preguiçosas e não preguiçosas. Os participantes, que foram categorizados como motivados, apáticos e meio-termo, responderam a um questionário que avaliava como eles reagiam a uma tarefa que exigia esforço físico, mas trazia recompensas no final.

    “Variávamos a recompensa e o esforço exigido para consegui-la. O esforço consistia em apertar com as mãos para conseguir a recompensa”, explicou ele à BBC. O resultado dos questionários não trouxe surpresas: os preguiçosos estavam menos propensos a se esforçar demais, mesmo que por uma recompensa.

    O que surpreendeu a equipe de pesquisa foram os resultados das tomografias cerebrais. Isso porque se descobriu que o cérebro das pessoas apáticas tinha nível de atividade maior durante as tomadas de decisão se comparado ao dos outros grupos. Ou seja, o cérebro dos preguiçosos trabalha mais e, portanto, é mais ativo. “É como se fosse mais difícil para eles tomar aquela decisão. E havia um custo mais alto para seus cérebros em termos de tentar avaliar se algo era válido ou não”, disse Husain.

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    Por que a preguiça é um problema?

    A preguiça é problemática porque a sociedade a caracteriza assim. Segundo Anastasia Burge, pesquisadora e professora de filosofia da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, no passado, as atitudes preguiçosos eram punidas severamente. Na União Soviética, por exemplo, as pessoas podiam ser processadas por “parasitismo social”.

    A especialista conta que o poeta Joseph Brodsky foi julgado e questionado: “O que você está fazendo? Qual é seu trabalho? Qual é sua profissão?”. Ao responder que era poeta, carreira que juízes não conseguiam compreender, ele foi enviado para um campo de trabalho forçado. Mas conseguiu fugir.

    No mundo moderno, em que as pessoas são cobradas para estarem sempre buscando melhorar, ser mais rápidas e eficientes para estar à frente na competitividade do mercado de trabalho, a preguiça não é uma característica benéfica. “(A preguiça) é moralmente errada. Fui doutrinado a acreditar que você precisa estar fazendo algo, constantemente. Tanto pelos meus pais quanto pela sociedade como um todo. Você precisar estar o tempo todo sendo produtivo, conquistar coisas”, contou um homem à Catherine Carr, repórter da rádio BBC.

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    Mas as novas gerações enxergam o “fazer nada” como um momento de autocuidado que ajuda o corpo e a mente. “Nossa geração está cuidando de si mesma. Nós não conseguimos pagar nossa hipoteca mesmo depois de sessenta anos de trabalho. Então percebemos que trabalhar até morrer não é um estilo de vida que dá para manter”, comentou Lucy.

    Para ela, essa tendência deve aumentar entre as pessoas mais jovens. “É cada vez mais comum escolher um estilo de vida que seja sustentável pela vida toda. É autocuidado e consciência sobre nosso corpo e nossa mente. Isso inclui tirar um tempo para si”, concluiu.

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