Você leu o contrato do seu plano de saúde? Sabia que o benefício funciona por meio da coletividade e todos pagam pelo serviço utilizado? Se não tem convênio, gostaria de ter? Essas foram algumas das perguntas realizadas em uma pesquisa com 1.599 pessoas com mais de 18 anos e que traçou o nível de informação dos brasileiros em relação à saúde suplementar. No levantamento, foi constatado que 49% das pessoas, com ou sem acesso ao benefício, não sabem como funciona o sistema privado de saúde e 46% dos usuários não leram o contrato com atenção, o que pode prejudicar o entendimento de coberturas e diferenças de preços.
A pesquisa, compartilhada com exclusividade para VEJA, foi realizada pelo Instituto Datafolha, a pedido da Associação Brasileira dos Planos de Saúde (Abramge), com participantes de todo o país que responderam via internet. A margem de erro máxima para o total da amostra é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.
A questão sobre o funcionamento dos planos de saúde, por meio de um fundo coletivo, demonstra que ainda há desconhecimento da população sobre o serviço e que a informação sobre o tema precisa ser disseminada.
“O sistema de saúde suplementar tem como princípio a coletividade. Ou seja, os planos de saúde são um grande sistema de ajuda coletiva, onde cada beneficiário estende a mão para o outro, possibilitando atendimento para todos”, explica Renato Casarotti, presidente da Abramge.
De acordo com o levantamento, apesar da falta de informação, as pessoas concordam com o modelo e 76% dos entrevistados receberam positivamente a frase: “Me interesso por fundos coletivos, como os planos de saúde, pois não tem como construir um país sem pensar na coletividade”.
No caso da leitura do contrato, ler por cima e, mais grave, não ler pode causar ruídos e descobertas desagradáveis em momentos de necessidade de uso do serviço. “Existe uma grande diversidade nos serviços prestados pelos diferentes planos de saúde. Podemos ter distintos preços, com diferentes sinistralidades e coberturas. Por isso, é importante escolher o mais adequado ao seu perfil, atentando-se ao contrato de prestação de serviços”, diz Casarotti.
O levantamento de dados integra um movimento chamado “Todos Por Todos Com Muita Saúde”, que tem como objetivo apresentar informações sobre os planos de saúde de forma didática e acessível.
“A ideia é incentivar o diálogo para elucidar dúvidas comuns à população para que todos possam compreender o funcionamento dos planos de saúde e, ao mesmo tempo, ampliar o acesso aos cuidados da saúde suplementar”, afirma o presidente da Abramge.
Sonho de consumo
O plano de saúde pode ser considerado um dos sonhos de consumo dos brasileiros. De acordo com o levantamento, 94% dos entrevistados que não contam com o serviço afirmaram que pagariam pelo benefício se pudessem.
Entre os beneficiários (26% dos entrevistados), 23% afirmaram que usam mais o Sistema Único de Saúde (SUS) do que o plano e 16% usam a rede pública apenas para tomar vacinas. Os entrevistados acreditam que o SUS ficaria mais sobrecarregado sem os planos (87%) e 59% afirmaram que confiam totalmente no SUS — o índice foi de 65% em relação à confiança nos convênios.