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Perigo no pedal: estudo mostra os riscos graves de acidentes com ciclistas

Pesquisa americana aponta que lesões na medula espinhal são mais frequentes entre os esportistas. No Brasil, as ocorrências sobre duas rodas cresceram 30%

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 set 2021, 08h00

Andar de bicicleta é uma paixão mundial e também um meio cada vez mais popular de transporte. Até por essa razão, ganha especial relevância a conclusão a que chegaram pesquisadores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, que se dedicaram a descobrir qual a prática esportiva que mais eleva o risco de ocorrência de lesões na medula espinhal. Depois de analisarem informações sobre as causas de ferimentos medulares em mais de 80 000 adultos, os cientistas constataram que 12 000 casos foram resultado de acidentes em alguma prática esportiva. Desses, 81% envolveram ciclistas, a maioria por queda da bicicleta ou choques com carros. Lesões na medula espinhal são sérias. Ela está localizada dentro da espinha vertebral e tem a função de levar ao resto do corpo os comandos enviados pelo cérebro. É como se fosse um fio, no seu caso feito de fibras nervosas, que começa no final do tronco cerebral e se estende quase até o fim da espinha. Dependendo do ponto no qual é atingida, o indivíduo pode ficar tetraplégico, paraplégico ou morrer.

O cenário levantado pelos americanos não é muito diferente do encontrado no Brasil. De acordo com estudo que acaba de ser finalizado pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, o total de acidentes graves com ciclistas aumentou 30% nos cinco primeiros meses de 2021 quando comparado ao mesmo período de 2020. Em números absolutos, houve 6 792 episódios neste ano. No ano passado, foram 5 022. A maioria (80%) atingiu homens entre 20 e 59 anos.

arte Bikes

É claro que nem todo acidente terá como consequência uma lesão medular. O problema é que a combinação entre desrespeito às leis de trânsito, por parte de motoristas e de ciclistas, e negligência em relação ao uso de equipamentos de segurança, por parte de quem pedala, eleva a chance de isso acontecer. “Um dos principais fatores do alto número de ferimentos em ciclistas é a não utilização de proteção adequada”, afirma o ortopedista Alexandre Cristante, chefe do Grupo de Coluna e Trauma Raquimedular do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. “Quando o ciclista bate em outro veículo, o anteparo acaba sendo ele mesmo”, explica. Mesmo se a bicicleta estiver em baixa velocidade, o estrago pode ser grande. “Se o ciclista correr a 40 quilômetros por hora, passar em um buraco, perder o controle, cair ou bater em um carro, pode se machucar seriamente. Vemos muitos deles com lesões graves depois de situações assim”, alerta o fisiatra Fabrício Buzatto, membro da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte e médico do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Espírito Santo.

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Espera-se que levantamentos como o de Harvard e o da associação brasileira acelerem a implementação de políticas públicas de prevenção para tornar o ciclismo mais seguro. “As cidades precisam se transformar em locais mais viáveis para quem anda de bicicleta”, diz o médico Buzatto. Não só isso. A Associação Brasileira de Ciclistas também recomenda que os adeptos tenham maior compromisso na utilização de equipamentos de segurança como capacete, joelheiras e cotoveleiras. Sem falar da importância de motoristas e ciclistas respeitarem as regras e sinalizações de trânsito. A civilidade é compulsória.

Publicado em VEJA de 15 de setembro de 2021, edição nº 2755

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