Em um estudo usando dados de 1.160 idosos, os pesquisadores da Johns Hopkins Medicine acrescentaram a uma crescente pilha de evidências que a perda do olfato é um marcador para o risco aumentado de fragilidade durante o envelhecimento. Isso estaria ligado não apenas ao cérebro, mas também ao próprio nariz.
Os resultados, publicados no Journal of Gerontology, se basearam na prevalência de fragilidade, uma síndrome de declínio fisiológico relacionada à idade, e duas maneiras diferentes de avaliar a capacidade de cheirar: sensibilidade olfativa (a capacidade de detectar a presença de um odor) e identificação olfativa (nomear um cheiro).
“Assim como a visão e a audição, esse sentido enfraquece à medida que envelhecemos”, diz Nicholas Rowan, professor de otorrinolaringologia e autor da pesquisa. Em adultos mais velhos, isso pode estar associado à perda de peso, desnutrição, fraqueza, cuidados pessoais inadequados e até possíveis lesões causadas por vazamentos de gás ou incêndios, ele avisa. E suas consequências mais comuns incluem perda de apetite, dificuldade em monitorar a higiene pessoal, depressão e incapacidade de detectar vapores tóxicos.
A pesquisa de Rowan usou uma avaliação padrão de fragilidade (chamada de Fenótipo de Fragilidade Física) que analisa cinco marcadores: perda de peso, exaustão, fraqueza, velocidade de caminhada lenta e baixa atividade física. Para a análise, a equipe consultou dados de 1.160 idosos, com idade média de 76 anos, inscritos no Projeto Nacional de Vida Social, Saúde e Envelhecimento entre 2015 e 2016. Os participantes foram expostos a cinco cheiros para medir a identificação olfativa e seis cheiros para medir os níveis de sensibilidade. Os resultados foram então combinados com suas respectivas pontuações de fragilidade.
Os pesquisadores concluíram que, para cada aumento de um ponto na identificação olfativa e nos escores de sensibilidade, houve uma redução significativa no estado de fragilidade. Por outro lado, quanto pior o olfato, mais frágil era o sujeito, sugerindo que a perda do sentido pode ser um biomarcador mensurável e um fator de risco potencial para fragilidade em idosos.
Se confirmado, isso significaria que os testes de olfato podem se tornar parte de exames de rotina como uma forma de identificar o risco de envelhecimento prejudicial à saúde. “Por exemplo, se alguém for reprovado em um teste de olfato, talvez esse paciente precise melhorar sua nutrição ou passar por um exame neurológico ou médico mais detalhado”, conclui Rowan.