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Passar horas em frente ao computador ou celular traz riscos para pele

É hora de se render aos filtros solares coloridos

Por Cilene Pereira Atualizado em 4 jun 2024, 12h43 - Publicado em 6 fev 2022, 08h00

Usar protetor solar todos os dias, faça chuva ou faça sol, é hábito de muita gente. Ainda bem, porque representa escudo vital contra os prejuízos causados pela incidência da luz natural. Sem proteção, há risco de danos ao material genético das células, atalho para o surgimento de tumores como o melanoma, um dos mais agressivos e difíceis de ser tratados. Além disso, o cuidado permanente evita o aparecimento de rugas. O que ainda não entrou na rotina da maioria das pessoas é o costume de usar os produtos que representem algum tipo de defesa para a pele contra a chamada “luz visível” — ou “luz azul” —, irradiada pelo sol, sim, mas também por lâmpadas de LED e tela de computadores, smartphones e aparelhos de televisão. Esse tipo de energia está associado a um extremo desgaste cutâneo que termina por estimular o envelhecimento precoce, a flacidez e o brotar de manchas. E não há dúvida: passamos mais tempo diante de telas do que ao ar livre.

arte filtro solar

Na verdade, a informação dos malefícios da energia visível à pele é relativamente nova. Ela começou a ser discutida entre médicos e cientistas nos anos 2000, muito tempo depois de a ciência ter apontado os impactos nocivos das radiações UVA e UVB, emitidas primordialmente pelo sol, tanto sobre a vitalidade da cútis quanto em relação ao DNA. Atualmente, o que se sabe é que os efeitos desse tipo de luz no processo de envelhecimento da pele estão relacionados principalmente ao componente de pigmentação. “Portanto, seriam clinicamente mais visíveis em pacientes com hiperpigmentação cutânea, como o melasma, ou pessoas com a pele mais morena e com tendência à vermelhidão”, diz o dermatologista Adilson Costa. Trabalhos recentes, contudo, detectaram também a produção de radicais livres, moléculas instáveis associadas ao envelhecimento precoce da pele que podem surgir em qualquer tipo de cútis. Isso basicamente estende a todos a influência nociva sobre a beleza da pele. Não há indicações de que a radiação de aparelhos eletrônicos tenha vínculo com o câncer.

NA PRAIA - Raios solares: há radiação nociva além da UVA e da UVB -
NA PRAIA – Raios solares: há radiação nociva além da UVA e da UVB – (Urilux/Getty Images)

Seria bem mais tranquilo se a proteção contra a luz azul pudesse ser feita da mesma forma que a adotada em relação aos raios solares UVA e UVB. Bastaria pegar firme no uso dos protetores mesmo dentro de casa. No entanto, há obstáculos. A luz azul também é gerada pelo sol e, claro, em potência muito maior. É uma armadilha silenciosa. “Alguns estudos demonstram que a quantidade da radiação emitida pelos equipamentos eletrônicos é inferior à da potência da radiação emitida pelo sol”, justifica Nathalia Harnam, diretora da L’Oréal Cosmética Ativa, divisão da empresa francesa que tem em seu portfólio algumas das marcas de dermocosméticos mais respeitadas do mundo. Ou seja: os danos causados pela luz visível proveniente da radiação solar são bem maiores do que os provocados pela tecnologia. Há artigos científicos mencionando que uma hora e meia a duas horas e meia de exposição à luz do sol, sem proteção solar, seriam equivalentes a 1 952 horas de exposição à luz visível de um aparelho eletrônico a 30 centímetros de distância. Há solução? Em parte, sim. Os únicos protetores que oferecem defesa também contra essa radiação azulada são os que contêm cor. “O pigmento presente na formulação de fotoproteção com cor é muito importante, pois ele atua como uma barreira física de fato, refletindo essa radiação como um espelho”, explica Nathalia Harnam.

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Conclusão: para a proteção ser completa, o ideal é que os protetores tenham pigmentos coloridos. Há vários no mercado, como os de cor laranja, que, segundo os fabricantes, oferecem 95% de barreira. O problema é convencer os consumidores a usar os produtos, cujas texturas ou tonalidades às vezes não caem bem. Homens, especialmente, são avessos ao uso de filtros de qualquer tipo, o que dirá ao desses, tingidos. Mas com um pouco de esforço é possível encontrar os mais adequados e discretos e, dessa forma, encarar o sol, o trabalho ou o descanso na frente da TV sabendo que a pele está sob escudo protetor. A saúde agradece.

Publicado em VEJA de 9 de fevereiro de 2022, edição nº 2775

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