Medicamento em alta procura, o Ozempic e demais remédios da mesma classe viraram alvo de falsificadores que querem aproveitar o sucesso do remédio entre pessoas que querem perder peso, apesar da indicação para pacientes com diabetes tipo 2 e obesidade. Após alertas de agências reguladoras, inclusive no Brasil, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um comunicado sobre os riscos de aquisição das versões adulteradas, que podem ser produtos contaminados.
“Sabe-se que os produtos médicos falsificados não têm eficácia e/ou causam reações tóxicas. Não são aprovados nem controlados pelas autoridades competentes e podem ter sido produzidos em condições pouco higiênicas por pessoal não qualificado, conter impurezas desconhecidas e podem estar contaminados com bactérias”, informou, em nota.
Segundo a OMS, desde setembro de 2021, há registros de moléculas consideradas em falta no universo dos medicamentos e a escassez em dois ou mais países teve alta de 101%. “Esta escassez é uma força motriz reconhecida de medicamentos falsificados ou de qualidade inferior e acarreta o risco de muitos procurarem obter medicamentos através de meios não oficiais, como a internet.”
Sobre os medicamentos indicados para diabetes tipo 2 e obesidade, como Ozempic, Wegovy (semaglutida) e Mounjaro (tirzepatida), houve desabastecimento em algum nível de forma global e aumento da circulação de versões adulteradas com divulgação nas redes sociais.
Em nota, a farmacêutica Novo Nordisk informou que o Ozempic não foi aprovado em nenhum lugar do mundo para o tratamento de obesidade, mas para diabetes tipo 2. A apresentação do medicamento em 1 mg está com disponibilidade intermitente neste primeiro semestre, por causa da alta demanda, mas as apresentações 0,25 mg e 0,5 mg já foram normalizadas em setembro do ano passado.
Ozempic falso no Brasil e em outros países
No fim do ano passado, a Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora americana, emitiu comunicado sobre o recolhimento de milhares de unidades falsas do remédio da farmacêutica Novo Nordisk. O órgão constatou que até as agulhas tinham sido adulteradas, algo que compromete ainda mais a segurança das canetas de semaglutida.
“Isso apresenta um risco aumentado de infecção em pacientes que fizerem uso dos produtos falsificados”, disse a agência.
Na ocasião, a FDA relatou que cinco episódios de eventos adversos relacionados com o lote falsificado foram identificados e que os pacientes apresentaram enjoos, vômito, diarreia, prisão de ventre e dores abdominais. Não houve relato de casos graves e os sintomas são semelhantes aos efeitos colaterais da medicação verdadeira.
Em outubro do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi notificada pela Novo Nordisk sobre a circulação no Brasil de um lote falsificado do Ozempic. Em resolução publicada no Diário Oficial da União (DOU), a agência divulgou que a farmacêutica informou que não reconhecia o lote LP6F832 como original, o que configura a falsificação. Casos de produtos irregulares já foram relatados no Reino Unido e países da Europa.
Segundo a Anvisa, outro episódio tinha sido notificado no mês de junho, com o lote MP5C960, também informado pela farmacêutica. Em ambos os casos, a agência determinou a suspensão de comercialização do produto.
“Até o momento não foram detectados casos de novos lotes falsificados em 2024, somente os previamente reportados”, informou a Novo Nordisk.
Popularizado por celebridades, que divulgaram erroneamente o medicamento como emagrecedor, lotes falsos do Ozempic foram encontrados na Europa. Também em outubro de 2023, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) emitiu alerta sobre a existência de versões adulteradas das canetas de semaglutida 1 mg com rótulos em alemão e provenientes da Áustria e da Alemanha.
Na Áustria, o produto irregular causou graves problemas para os pacientes. A autoridade sanitária austríaca informou que recebeu relatos de pessoas que foram hospitalizadas por terem apresentado convulsão e hipoglicemia após o uso. “É uma indicação de que o produto continha falsamente insulina em vez do ingrediente ativo semaglutida.”