Oxford: voluntários brasileiros receberam dosagem com menor eficácia
Segundo a AstraZeneca, os melhores resultados ocorreram após aplicação de meia dose seguida de uma dose completa; no Brasil foram aplicadas dosagens cheias
Os 10.000 brasileiros recrutados para os testes da vacina desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford para Covid-19 receberam duas doses completas do imunizante ou de medicamento placebo, conforme previa o protocolo de estudo. Os testes foram coordenados no país pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Nesta semana, a farmacêutica anunciou que seu imunizante chega a 90% de eficácia, quando utilizado em uma posologia alternativa: meia dose seguida de uma dose completa. Essa descoberta, no entanto, se deu num erro de aplicação em alguma etapa do estudo. O protocolo divulgado originalmente — e seguido rigorosamente pela universidade brasileira — previa duas doses completas da vacina, o que promove 62% de eficácia, de acordo com o anúncio preliminar da própria farmacêutica.
Os brasileiros que receberam a dosagem não apresentaram efeitos adversos graves, e o estudo segue sem maiores intercorrências. Os testes ocorrem em São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte.
Faltam documentos
Na última terça-feira, 25, membros ligados ao desenvolvimento do imunizante compareceram à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para discutir o andamento dos estudos e alinhar as informações necessárias para uma autorização da vacina no Brasil. Fontes ligadas ao processo afirmam que para que a liberação ocorra, no entanto, ainda faltam etapas fundamentais para o processo de aprovação. Há pelo menos duas delas, a primeira é a inspeção da fábrica de insumos do fármaco, que fica na China, e deve ocorrer em duas semanas. A segunda é a produção de um grande lote de imunizantes para que se compare o que será produzido em grande escala com as doses utilizadas na testagem.
Ainda é considerada, inclusive, uma nova rodada de testes internacionais com para dar força ao protocolo que prevê a eficácia de 90%, segundo entrevistas do CEO da AstraZenenca, Pascal Soriot.
Nesta sexta-feira, 27, o Brasil teve médias móveis atualizadas em 31.169,4 diagnósticos e 480,1 mortes por conta do novo coronavírus.