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Ovo faz mal à saúde, afinal?

Há alguns anos, o ovo foi retirado da lista dos alimentos inimigos do coração. Um novo estudo sugere que seu consumo contribui para doenças cardiovasculares

Por Redação
Atualizado em 22 mar 2019, 17h06 - Publicado em 22 mar 2019, 16h47

Cozido, mexido, frito, poche e até mesmo cru, o ovo já foi amado e odiado. Há algumas décadas ele era o considerado um dos principais inimigos do coração por seu alto nível de colesterol. Depois, ele virou queridinho da saúde e passou a ser consumido em altas quantidades, principalmente por quem quer ser “fitness” e ganhar músculos (o alimento tem poucas calorias e um alto teor proteico). Porém, essa tendência fez com que a quantidade de ovos ingeridos por dia aumentasse consideravelmente.

A tendência chamou a atenção de pesquisadores, que voltaram a analisar os possíveis riscos à saúde de um consumo exagerado do alimento. Um estudo publicado recentemente na revista científica JAMA, mostrou que ingerir mais de três ovos por dia pode ser perigoso para a saúde. O problema não é o alimento em si e sim o colesterol presente nele. 

Um ovo grande contém cerca de 186 ml de colesterol dietético. A pesquisa mostrou que indivíduos que ingerem mais de 300 miligramas de colesterol por dia estão 4,4% mais propensos a sofrer de morte prematura e apresentam risco 3,2% maior de doença cardíaca. Cada meio ovo extra consumido por dia – o que totalizaria apenas três a quatro ovos a mais por semana – pode indicar um risco 1,1% maior de doença cardiovascular e probabilidade 1,9% maior de morte prematura por qualquer causa.

O colesterol dietético tem grande impacto no aumento do risco de doenças cardiovasculares, como acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca. “Os ovos, especialmente a gema, são uma fonte importante de colesterol dietético”, disse Victor Zhong, da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, no estudo.

Alerta

Os cientistas chegaram a esta conclusão depois de revisar seis estudos americanos que incluíram 29.615 participantes acompanhados por uma média de 17 anos e meio. Esses trabalhos recolheram informações sobre saúde geral, hábitos dietéticos, estilo de vida e demografia. Durante a revisão, a equipe notou as seguintes ocorrências: nos anos de rastreamento ocorreram 5.400 eventos cardiovasculares, incluindo 1.302 AVCs (fatais e não fatais), 1.897 incidentes de insuficiência cardíaca (fatal e não fatal) e 113 outras mortes por doenças cardíacas. Além disso, outras 6.132 pessoas morreram de outras causas. 

Segundo os resultados da análise, tanto o consumo total de colesterol na dieta quanto o consumo de ovos, especificamente, estavam associados a um aumento na probabilidade de problemas cardíacos e morte prematura. “Esse relatório é muito mais abrangente, com dados suficientes para afirmar que os ovos e a ingestão dietética global de colesterol permanecem como fatores importantes no risco de doença cardiovascular e mortalidade por todas as causas”, disse Robert H. Eckel, da Universidade do Colorado, nos Estados Unidos, em editorial publicado ao lado do estudo.

Apesar disso, ele ressaltou que a relação entre o consumo de ovo e o risco cardíaco e de morte prematura foi ‘modesta’. Além disso, críticos salientaram que o estudo mostrou apenas uma associação sem revelar a relação causa-efeito e, portanto, mais pesquisas serão necessárias para entender as conexões encontradas até agora.

Contradições

Até 2015, os guias nutricionais recomendavam a ingestão de menos de 300 miligramas diários de colesterol dietético por dia. Nesse ano, as regras mudaram. Baseados em novos dados, os especialistas liberaram o colesterol e começaram a focar na quantidade de gordura saturada ingerida. De lá para cá, diversos estudos voltaram a condenar o consumo de ovos e outros alimentos com alto teor de colesterol, como carne vermelha e laticínios.

Entretanto, muitos outros trabalhos científicos associaram esse consumo a benefícios para a saúde. Uma pesquisa de 2018, publicada no periódico Heart, concluiu que a ingestão de um ovo por dia pode, na verdade, reduzir a probabilidade de doenças cardíacas, incluindo AVC. Outro estudo, publicado no The American Journal of Clinical Nutrition em 2016, constatou que o consumo de ovos não produz efeitos significativos sobre o risco de doença arterial coronariana.

Modo e preparo

De acordo com a revista Time, especialistas justificam essas contradições devido ao estilo de vida daqueles que comem muitos ovos: eles estão mais propensos a ter uma alimentação pouco saudável e são menos inclinados a praticarem exercícios físicos regularmente – fatores que contribuem para riscos de saúde geral.

Diante disso, a recomendação é o consumo moderado e cuidado no preparo. “O ovo é um alimento nutritivo e, embora o novo estudo se concentre na quantidade ingerida, é importante prestar atenção na forma como ele é preparado e em outros alimentos que podem acompanhá-lo na refeição. Comer de forma saudável é tudo sobre equilíbrio”, destacou Victoria Taylor, da Fundação Britânica do Coração, no Reino Unido, em comunicado.

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Basicamente, isso significa que três ovos por semana é melhor que quatro e ovos cozidos são mais saudáveis que fritos. 

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