OMS anuncia abertura de consulta para mudar nome de varíola dos macacos
Alteração tem como objetivo seguir práticas atuais na nomeação de doenças, evitar ofender culturas e minimizar impactos para turismo e bem-estar animal
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta sexta-feira, 12, que abriu uma consulta para a mudança do nome da monkeypox, mais conhecida como varíola dos macacos. Em junho deste ano, a entidade informou que um processo para reconsiderar a nomenclatura já tinha sido aberto pelo Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV), responsável por procedimentos dessa natureza, e que a alteração tem como objetivo seguir as “práticas atuais na nomeação de doenças”.
Em uma cartilha de 2015, a OMS explica que os nomes dados às doenças devem minimizar impactos negativos para viagens, turismo, comércio ou bem-estar animal e “evitar ofender qualquer cultura, grupos sociais, nacionais, regionais, profissionais ou étnicos”. De acordo com a entidade, o nome varíola dos macacos foi dado antes do estabelecimento desses critérios.
“A atribuição de novos nomes a doenças existentes é responsabilidade da OMS de acordo com a Classificação Internacional de Doenças e a Família de Classificações Internacionais Relacionadas à Saúde da OMS (OMS-FIC). A OMS está realizando uma consulta aberta para um novo nome de doença para a varíola dos macacos”, informou, em nota.
Sobre os ramos do vírus, também chamados de clados, a OMS informou que um grupo de especialistas de várias partes do mundo concordou em nomeá-los usando algarismos romanos. Até então, a referência era feita citando a África Ocidental e a Bacia do Congo. Agora, o antigo clado da Bacia do Congo (África Central) será chamado de Clado I e o da África Ocidental, Clado II. Subclados serão representados por um caractere alfanumérico minúsculo.
“Assim, a nova convenção de nomenclatura compreende Clado I, Clado IIa e Clado IIb, com o último referindo-se principalmente ao grupo de variantes que circulam amplamente no surto global de 2022. A nomeação das linhagens será proposta pelos cientistas à medida que o surto evoluir”, detalhou a entidade.
Em julho, a zoonose viral foi considerada uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (PHEIC, na sigla em inglês) pela Organização Mundial da Saúde e, até o momento, contabiliza mais de 34 mil casos no mundo, de acordo com a plataforma Our World in Data, ligada à Universidade de Oxford.
Monkeypox
Descoberta em 1958, a monkeypox (varíola dos macacos) recebeu esse nome por ter sido observada pela primeira vez em primatas utilizados em pesquisa. Ela circula principalmente entre roedores, e humanos podem se infectar com o consumo da carne, contato com animais mortos ou ferimentos causados por eles.
Entre os sintomas, estão: febre, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, linfonodos inchados, calafrios e exaustão. A erupção cutânea começa geralmente no rosto e, depois, se espalha para outras partes do corpo, principalmente as mãos e os pés. Antes do surto, a doença era considerada endêmica em países da África central e ocidental, como República Democrática do Congo e Nigéria.
Análises preliminares sobre os primeiros casos do surto na Europa e na América do Norte demonstraram que o vírus foi detectado por serviços de cuidados primários ou de saúde sexual e os principais pacientes eram homens que fazem sexo com homens. No entanto, a OMS já alertou que esta não é uma doença que afeta grupos específicos e que qualquer pessoa pode contraí-la se tiver contato próximo com alguém infectado.