O que se sabe sobre a Éris, nova variante da Covid-19
Subvariante da ômicron, predominante nos EUA, registra crescimento no Reino Unido, mas não causa doença grave nem representa maior risco à saúde pública
Uma nova cepa do SARS-CoV-2, vírus que provoca a Covid-19, começa a ganhar força nos Estados Unidos e Reino Unido. Trata-se da EG.5 ou “Éris”, que nas duas últimas semanas respondeu por 17,3% dos casos no país americano. Segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a prevalência de EG.5 mais que dobrou em relação ao mês anterior, quando chegou a 7,5% das amostras em um período de duas semanas até 8 de julho.
No Reino Unido, a Éris também aumentou sua incidência com uma prevalência estimada de 14,55% dos casos, até dia 20 de julho, de acordo com o relatório mais recente da UK Health Security Agency. Também foi a variante que mais registrou índice de crescimento no país, com 45,65%.
Especialistas, no entanto, avisam que não há motivo para alarde. Por ser mais uma subvariante da ômicron, dificilmente causará um novo surto da doença e não há indícios de que esteja causando efeitos mais graves do que outras variantes circulantes. “Não sabemos exatamente que vantagem ela tem, mas está ocorrendo o aumento de casos atribuídos a essa variante”, disse Shishi Luo, diretora de bioinformática e doenças infecciosas da Helix, empresa americana que rastreia variantes do SARS-CoV-2 nos EUA.
Segundo a pesquisadora, tudo indica que a EG.5 tem uma mutação em seu gene spike que pode aumentar moderadamente a fuga imune, mas ao mesmo tempo pode diminuir sua afinidade de ligação com as células e, portanto, a possibilidade de infecção. “Mas é um bom lembrete de que ainda não temos a infraestrutura necessária para fazer esse tipo de vigilância”, completou.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) colocou a EG.5 como uma variante de monitoramento – classificação inferior à categoria de “variante de interesse” – observada pela primeira vez em fevereiro de 2023, com notificações de casos em 51 países, incluindo China, República da Coreia, Japão, Canadá, Austrália, Cingapura, França, Portugal e Espanha, além de Reino Unido e EUA, mas que representa um risco baixo para a saúde pública, sem evidências de que cause quadros mais graves.
“A EG.5.1 foi designada como uma variante em 31 de julho de 2023 devido ao crescimento contínuo internacionalmente e à presença no Reino Unido, permitindo-nos monitorá-lo por meio de nossos processos de vigilância de rotina”, disse Meera Chand, vice-diretora da agência, que acrescentou que “não era inesperado ver novas variantes surgirem”.
Atualmente, a entidade não lista nenhuma “variante de preocupação”. “A EG.5 é uma linhagem ômicron e especificamente uma sublinhagem de XBB.1.9.2. As vacinas já têm como alvo as cepas XBB do vírus”, explicou Maria Van Kerkhove, líder técnica da OMS para Covid-19.
Segundo UKHSA, a vacinação continua sendo a “melhor defesa contra futuras ondas de Covid-19 e, por isso, ainda é importante que as pessoas tomem todas as doses para as quais são elegíveis o mais rápido possível”. Especialistas também continuam recomendando a higiene regular das mãos e evitar contato com pessoas que apresentarem sintomas respiratórios. “Embora o verão não seja ligado a doenças respiratórias e as pessoas pensem que a pandemia ficou para trás, acredito que ainda temos que estar preparados para um aumento de casos”, disse Shishi.
O “apelido” Éris da nova subvariante foi dado pelo biólogo canadense T. Ryan Gregory, por meio de uma postagem no X (antigo Twitter), mesmo nome de um planeta anão do sistema solar.