Um estudo publicado na edição de setembro da Plastic and Reconstructive Surgery®, revista médica da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS) – atesta que um procedimento chamado microagulhamento pode amenizar a aparência final das cicatrizes cirúrgicas – com melhores resultados, se feito entre seis a sete semanas após a cirurgia.
Essa conclusão contrasta com a “sabedoria convencional” de que esses tratamentos devem ser adiados por até um ano. De acordo com a nova pesquisa do médico Casey Gene Sheck, sob direção de R. Brannon Claytor, chefe de Cirurgia Plástica da Main Line Health da Claytor/Noone Plastic Surgery em Bryn Mawr, nos Estados Unidos, as descobertas sugerem que o microagulhamento feito neste prazo é uma opção para melhorar os resultados finais da cicatrização pós-operatória já que reinicia o processo de cicatrização.
O microagulhamento é uma técnica não cirúrgica que tem sido usada para melhorar a aparência da pele em várias condições, como cicatrizes crônicas de acne, por exemplo. Nesse procedimento, após a pele ser anestesiada, uma peça de mão elétrica com agulhas de diferentes tamanhos é utilizada para criar pequenos canais na pele, induzindo os próprios fatores de cura do corpo, como colágeno e elastina. Normalmente, esse e outros tratamentos para essa finalidade são adiados até que a cicatriz esteja totalmente amadurecida, entre 6 e 12 meses.
O estudo apresenta uma mudança de paradigma avaliando uma abordagem alternativa em que o microagulhamento é feito nas fases iniciais do processo de cicatrização, com o objetivo de reativá-lo. Na pesquisa, o médico incluiu 25 mulheres com cicatrizes cirúrgicas resultantes de diversos procedimentos de cirurgia plástica, como remoção de lesão benigna, lifting facial ou abdominoplastia. Cada paciente foi submetida ao microagulhamento, com o primeiro tratamento realizado na sexta e décima sexta semanas após a cirurgia. O segundo e terceiro tratamentos foram feitos na quarta e oitava semanas depois da cirurgia, respectivamente.
Após o procedimento, as pacientes tiveram melhoras significativas na aparência da cicatriz, com base em três diferentes avaliações padronizadas. Uma delas é a Escala de Cicatrizes do Paciente e Observador (POSAS, com variação de 6 a 60, em que pontuações mais baixas indicam melhor aparência). A pontuação média diminuiu de 23,7 antes do microagulhamento para 11,7, dois meses após o último tratamento.
Os pesquisadores também compararam os resultados de pacientes que iniciaram o microagulhamento mais cedo, de seis a sete semanas após a cirurgia, e as que começaram mais tarde, 13 a 16 semanas. Os resultados mostraram uma grande melhora nas pontuações POSAS para o grupo de tratamento anterior: de 16,8 para 8,1, em comparação com 26,1 para 14,2 no grupo de tratamento posterior. Os resultados foram semelhantes para pacientes em diferentes faixas etárias e para aquelas com cicatrizes localizadas no corpo e face.
“Embora sejam necessárias mais pesquisas para avaliar completamente essa descoberta, ela certamente representa uma mudança significativa de paradigma no gerenciamento de cicatrizes”, disse Sheck. “Pacientes e cirurgiões podem optar pela intervenção precoce com microagulhamento antes do desenvolvimento de cicatrizes indesejáveis como uma questão de cuidado preventivo”.