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O desafio das festas natalinas para crianças com autismo

Para pais que têm filhos com autismo, as festividades do Natal, incluindo a decoração, abertura dos presentes e a ceia, podem ser cheias de desafios

Por Da Redação
Atualizado em 19 dez 2017, 19h25 - Publicado em 19 dez 2017, 16h40

O Natal e suas festividades são motivos de alegria para a maioria das crianças, mas para aquelas com autismo, o período pode ser extremamente estressante. Algumas partes da festa, incluindo a abertura dos presentes, a ceia e até mesmo a encantadora decoração, acabam alterando e atrapalhando a rotina tão valorizada por essas crianças. As informações são da rede BBC.

Para Daniel, de 11 anos, abrir todos os presentes de uma vez pode ser perturbador. “Tentamos uma vez sentar com ele e abrir vários presentes de uma vez, mas ele entrou em crise. Ficou muito mal. Hoje, ele leva até uma semana para abrir todos”, conta Kevin Harrison, pai do menino, à BBC.

O menino também não consegue explicar direito o que quer ganhar de presente, o que faz com que seus pais se sintam culpados, já que sua irmã, Hannah, sempre ganha o que deseja.

A ceia e o Papai Noel são outros problemas. Daniel fica com medo quando vê o bom velhinho, e devido a um problema alimentar quando era bebê, não se senta à mesa com a família para comer. “Por anos, ele nem sequer queria sentar perto de comida. Era horrível, nós em volta da mesa e nosso filho em seu quarto. Nós nos acostumamos com isso, mas, neste ano, esperamos que algo possa mudar um pouco, e ele consiga comer um pouco de peru. Vamos tentar oferecer amassadinho ou cortado bem fininho. Mesmo assim, ele leva bastante tempo para comer e precisa ser supervisionado para que não engasgue”, diz Kevin.

Apesar de ter aprendido sobre o significado do Natal na escola católica onde estuda, seu pai acha que ele não entende direito significado da data nem entende o que está acontecendo nessa época. “Não sabemos ao certo se ele entende o que é Jesus… Dan pensa que tudo se resume aos presentes.”

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“A sala de casa fica diferente, a cozinha fica diferente, recebemos cartões de boas-festas, as pessoas começam a fazer visitas, há propagandas por toda parte, e ele não vê sentido algum nisso tudo. Ele começa a ser comportar de forma diferente. Ele gosta de se trancar no quarto, e faz isso ainda mais durante a época de Natal. Seu quarto é seu santuário”, complementa o pai.

O problema com a alimentação é comum

 

Daniel não é o único a ter problemas com a alimentação. Simona Zetu, é mãe de Patrick, de 4 anos, e conta que há quatro meses o filho decidiu se alimentar apenas bebendo leite. Por isso, ele não se sentará com a família para a ceia de Natal e ficará brincando em outra sala. “O problema é mais com a textura e a cor da comida. Não podemos forçá-lo a comer, senão ele engasga.”

Crina, de 15 anos, irmã de Patrick, também tem autismo e apresenta uma dificuldade parecida. Por quatro anos, ela comeu apenas batata frita e molho de tomate e só passou a fazer as refeições com a família aos 10 anos. Agora, ele desenvolveu um interesse por comida, principalmente pela culinária japonesa. “Os dois comiam normalmente até os 18 meses de idade. Pararam de um dia para o outro. Parece que estou criando a mesma criança de novo.”, diz Zetu.

Ela conta que Patrick gosta de abrir seus presentes, mas, assim como Daniel, não entende o que é o Natal. “Ele não parece entender o que está acontecendo.”

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Com Crina acontecia a mesma coisa na infância. “Ela não tinha noção de que o Papai Noel iria visitá-la. Vivia em um mundo próprio. Depois dos 6 anos, passou a estar mais presente e começou a entender o significado das coisas e a ficar muito animada”, diz.

Luzes e barulho

Para a mãe, é muito difícil sair na rua com os filhos nessa época do ano devido às luzes e ao barulho. “Depois de meia hora, o Patrick senta-se no chão e se recusa a sair do lugar. Ele não chora nem grita, apenas fica sentado. Temos que pegá-lo no colo para ir embora. Já a minha filha prefere ficar na maior parte do tempo na livraria.”

Zetu evita fazer visitas a amigos e parentes no Natal e quando recebe alguém em casa se certifica de que os filhos tenham o espaço deles. “Se sou eu que tenho visitas, sempre me certifico que os quartos das crianças estão preparados para elas, porque, depois de quinze minutos, Crina prefere ir para o seu.”

Amor incondicional

Apesar de todas as dificuldades, Zetu ama seus filhos como são. “Não mudaria como eles são por nada desse mundo. Tenho muita sorte de ter filhos tão adoráveis e amorosos. Eles gostam muito de abraços e beijos. São incríveis. Fico com o coração partido quando conto que eles têm autismo e as pessoas respondem que sentem muito. Não fiquem mal por isso, eles apenas pensam de forma diferente. São felizes. Normalmente, quando falamos de autismo, só enxergamos a parte ruim. Mas o autismo não se resume às crises.”

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