PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana

O desafio da logística do armazenamento e da distribuição das vacinas

A imunização dos brasileiros contra a Covid-19 agora terá de enfrentar uma complexa etapa

Por Mariana Rosário Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h11 - Publicado em 27 nov 2020, 06h00

Há uma avenida de esperança. Nas últimas três semanas, quatro laboratórios que desenvolvem vacinas contra a Covid-19 anunciaram extraordinários resultados de estudos em fase final de pesquisa. As americanas Pfizer e Moderna, a britânica AstraZeneca e a russa Gamaleya asseguraram taxas de eficácia de até 95% em seus produtos, índice excepcional para um imunizante. A CoronaVac, desenvolvida pela chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo, deverá comprovar efeito positivo semelhante dentro de uma semana. Parece não haver dúvida: o mundo terá uma vacina. Cabe agora um desafio monumental: a engrenagem logística para que as doses cheguem aos cidadãos. No Brasil, trata-se de armazenar e distribuir pelo menos 188 milhões de unidades ao longo do primeiro semestre de 2021, segundo os contratos já assinados com o Ministério da Saúde.

Há gargalos em estudo, à busca de solução. Um dos mais relevantes é a possibilidade de uma sobrecarga no mercado de seringas e agulhas. Em relação a esse nó, a União apenas realizou uma consulta pública em 20 de agosto prevendo a demanda de 80 milhões de seringas para compra no mercado brasileiro. As iniciativas de aquisição mais avançadas são dos estados, a exemplo de Paraná e São Paulo, que iniciaram negociações com as distribuidoras. O problema em relação à demora na decisão é que os fabricantes afirmam precisar de mais tempo para conseguir produzir quantidades excedentes. “Não é possível produzir um volume tão grande do dia para a noite”, diz Walban Damasceno, diretor da Becton Dickinson, empresa líder no setor. A título de comparação: o Canadá já havia encomendado 37 milhões de seringas em junho, número que corresponde à população total do país, e o Reino Unido, outros 65 milhões, diante de uma população total de 66,6 milhões. Outro ponto nevrálgico é a refrigeração das doses, sobretudo diante da notícia de que um dos imunizantes mais potentes, o da Pfizer, precisa ser acondicionado sob uma temperatura de 70 graus negativos — o índice é inatingível nos equipamentos de refrigeração brasileiros, que chegam só a 20 graus negativos. Outros imunizantes podem ser acondicionados em temperaturas de 2 a 8 graus.

CoronaVac
CUIDADOS – Imunizante CoronaVac em São Paulo: escoltado por agentes de segurança – (Sebastião Moreira/EFE)

Ressalve-se, por óbvio, que, antes de guardar os vidrinhos e oferecer as agulhadas, é forçoso transportar as substâncias. Em setembro, a Associação Internacional de Transportes Aéreos alertou governos ao redor do mundo sobre o tamanho dos desafios logísticos da distribuição global de uma vacina contra a Covid-19. A instituição estima que 8 000 aviões do porte de um Boeing 747 seriam necessários para fazer chegar uma única dose da vacina a 7,8 bilhões de pessoas.

Felizmente, o Brasil está bem posicionado. O ótimo histórico do Programa Nacional de Imunizações, criado em 1973, dá ao país vantagens em relação a outros cantos. Hoje, o SUS distribui 300 milhões de vacinas por ano, para um total de 37 000 postos de vacinação. No mundo, estima-se que até 30% da produção possa ser perdida do transporte às etapas de aplicação. Aqui a taxa não passa de 10%. O caminho está traçado, mas o sinal amarelo está aceso: exige-se esforço para que finalmente a pandemia seja aplacada e a vida, retomada.

Publicado em VEJA de 2 de dezembro de 2020, edição nº 2715

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.