Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

“O borderliner melhora com o tempo. Os sintomas tendem a desaparecer depois dos 40 anos”, afirma especialista

Erlei Sassi, psiquiatra e psicoterapeuta do Hospital das Clínicas, em São Paulo, trabalha há 15 anos com pacientes que sofrem do transtorno

Por Bruno Abbud
31 jul 2011, 16h10
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Formado em medicina e psicoterapia pela Universidade de São Paulo (USP), Erlei Sassi Junior estuda pacientes com transtorno borderline há 15 anos. Atualmente, coordena o Ambulatório dos Transtornos de Personalidade e do Impulso do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, também na capital paulista, e ensina médicos recém-formados a lidar com os pacientes.

    Como identificar uma pessoa que sofre de transtorno borderline? O DSM qualifica os borderliners com nove sintomas. Eles têm uma alteração marcante de humor, muito relacionada a questões externas, relações intensas e instáveis, dificuldade em conviver com outras pessoas, sentem uma sensação crônica de vazio, protagonizam tentativas recorrentes de suicídio e automutilação e às vezes são paranoicos. Um comportamento anormal se torna patológico na medida em que traz sofrimento para o indivíduo e para outros. Uma palavra mal colocada, uma situação inesperada ou uma frustração podem levar o borderliner a um acesso de raiva. Na maioria das vezes, a crise dura poucas horas. É uma explosão. Outra característica importante é que o borderliner não sabe lidar com o êxito.

    Quando a medicina começou a estudar os transtornos de personalidade? Os transtornos de personalidade tiveram uma ênfase especial entre 1987 e 1990, quando vigorava a terceira versão do Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais (DSM-III). Nessa época, a equipe do psicanalista Otto Kernberg aprofundou os estudos sobre o tema.

    A nova versão do Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios Mentais, o DSM-V, deve ser publicado em maio de 2013. Quais serão as principais mudanças no diagnóstico do transtorno borderline? No DSM-V, a principal evolução no diagnóstico do transtorno será a aplicação de questionários destinados a medir duas características. Primeira: em que medida o paciente se vê como um indivíduo autônomo, ou seja, que não depende dos outros. Quanto mais considerar-se independente, menos graves são os sintomas. Segunda: a capacidade do paciente de colocar-se no lugar do outro. Quanto mais entender as aflições de outra pessoa, menos graves são os sintomas. Desta maneira, será possível medir o nível de intensidade do transtorno. Dependendo do grau da doença, o tratamento muda.

    Continua após a publicidade

    Como costumam reagir as famílias de um paciente com transtorno borderline? A família costuma assumir duas posturas: ou gruda no paciente ou o abandona. É oito ou oitenta. Às vezes, o médico também age dessa maneira. É frequente tratar o borderliner como uma pessoa ruim. Por isso, às vezes a família se afasta. Mas na verdade, a pessoa é doente.

    A doença se manifesta da mesma maneira em homens e mulheres? Em homens as tentativas de suicídio são mais graves. Eles morrem mais. Em mulheres, são mais brandas. Às vezes, o homem tem o comportamento tão agressivo que, em vez de ir para um consultório médico, vai parar numa delegacia.

    É possível curar um paciente com transtorno borderline? Os borderliners melhoram com o passar do tempo. Por volta dos 30, 35 anos, os pacientes apresentam uma melhora grande. Os sintomas tendem a sumir depois dos 40 anos. O problema é que, se não forem tratados, o emprego bacana que a pessoa poderia ter tido, não teve. Aquele namoro que poderia ter virado casamento, não deu certo. Será uma vida realmente vazia. Mas se for tratado, o paciente pode se organizar e melhorar as relações. O tratamento se resume a medicação, psicoterapia e psicoterapia de família. Mas é preciso fazer uma terapia específica. O terapeuta deve ser mais ativo, mais próximo, mais participante. O borderliner é uma pessoa que sofre muito. Ele tem a possiblidade de oscilar o humor e romper com relações que poderiam dar certo. A impulsividade acaba estragando muito a vida profissional e social. Com tratamento, é possível evitar esse sofrimento.

    Continua após a publicidade

    LEIA TAMBÉM:

    A frágil fronteira da razão

    Entrevista em vídeo: “Os sintomas do transtorno podem ser controlados”

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.