Novas drogas e combinação de medicamentos são usadas para combater a obesidade
Mistura de remédios torna possível ministrar doses menores, diminuir os efeitos colaterais e obter melhores resultados

É preciso buscar alternativas, já que os melhores medicamentos para emagrecimento são eficazes somente em 50% dos pacientes
Misturar drogas pode ser o caminho promissor para melhorar os tratamentos atuais contra a obesidade. “A associação de remédios é o caminho natural para qualquer doença, e não será diferente em obesidade”, explica Alfredo Halpern, endocrinologista da membro do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).
Com a combinação, segundo ele, é possível ministrar doses menores de cada medicamento, reduzir os efeitos colaterais e garantir um resultado melhor, já que uma droga pode potencializar o efeito da outra. Halpern comprovou sua tese em um estudo publicado neste ano pela revista científica Journal of Obesity, que mostrou os efeitos da associação do orlistat com a sibutramina.
Os resultados do levantamento, realizado durante seis meses com 446 pacientes, mostraram que as pessoas submetidas ao tratamento com um dos dois medicamentos perderam entre 6 e 8% do peso. Já aquelas que tomaram as duas drogas ao mesmo tempo reduziram o peso em 12,8%. “É uma associação óbvia, já que a sibutramina faz com que as pessoas comam menos e queimem calorias e que o orlistat reduz a absorção de gordura”, diz Halpern, que acrescenta que não houve uma incidência de efeitos colaterais significativa.
Os especialistas explicam que é preciso buscar outras alternativas para os pacientes porque nem sempre o objetivo de reduzir o peso é atingido.”Os melhores estudos, com os melhores medicamentos para emagrecimento, mostram que um remédio é eficaz somente em 50% dos pacientes”, diz Halpern.
Combinação – Segundo Marcio Mancini, presidente do Departamento de Obesidade da Sbem, poucas drogas estão em estudo para o tratamento de obesidade – mas, se aprovadas, podem ser mais uma opção para a população.
Exemplo disso, é o liraglutide, medicamento que já foi lançado nos Estados Unidos para o tratamento de diabetes e que está em estudo para obesidade. “Os diabéticos que tomam este medicamento estão perdendo peso”, diz Mancini. No Brasil, a droga foi aprovada, mas só deve chegar ao mercado no próximo ano. Apesar do benefício constatado em estudos avançados, o remédio tem dois pontos negativos: o preço e a aplicação, que é feita por uma injeção. Segundo Mancini, os pacientes que compram o medicamento importado desembolsam cerca de 700 reais por mês.
Além desse, a indústria farmacêutica estuda outras associações: como a combinação de bupropiona (antidepressivo) com naltrexona (usada em pacientes com alcoolismo) e da fentermina (anorexígeno) e topiramato (contra enxaqueca).
Halpern pretende apresentar no Congresso de Endocrinologia e Metabologia, que está sendo realizado em Gramado, no Rio Grande do Sul, um estudo em que associa o uso de sibutramina e topiramato. Os resultados preliminares do estudo, realizado com 41 pacientes, são promissores. O especialista lembra, no entanto, que a combinação de drogas só pode ser feita e acompanhada por um médico. “Não se pode dar remédio para os pacientes e orientar para que ele volte em um mês. Quando você receita uma droga, precisa acompanhar a cada duas semanas para verificar os resultados”, diz Halpern.